sexta-feira, 21 de abril de 2017

PINGOS E RESPINGOS...



            ***  O Deus de minha Fé não é o Deus que muda as leis da Natureza a Seu bel prazer, ou segundo Suas conveniências. E muito menos o Deus que desatende as súplicas de nós, Seus filhos, ainda que sejam justas, como acabar com a fome de populações inteiras em várias partes deste nosso mundo, mandar a chuva benfazeja para regiões martirizadas pela seca, ou curar nossas doenças.
           ***   Nosso Deus é, antes de tudo, amor. É o grande companheiro que está com os deserdados da sorte, com o enfermo, e não com a enfermidade, contra a qual Ele pouco pode intervir, porque ela permanece na esfera autônoma da Natureza, que Ele respeita.
          ***   O homem de Fé e o ateu não habitam mundos diferentes; simplesmente habitam de maneira diferente um só e o mesmo mundo. Ambos vivem a mesma vida, só que a vivem de modo diferente.
          ***   A bondade de Deus é tão universal, que não exclui ninguém, nem mesmo os maus, os pecadores, ou mesmo os que O negam. Faz nascer o sol igualmente sobre os bons, como também sobre os justos e injustos. Por isso, perdoa sempre, até ao ponto de, como o pai da parábola do filho pródigo, não castigar nem repreender, mas alegrar-se e fazer festa pelo regresso do filho á casa paterna.
         ***  Aquilo por que Deus Se interessa no homem e na mulher é tudo, enquanto realização positiva do homem e da mulher. Literalmente tudo, como corpo e alma, cultura e alimento, trabalho e religião. Aliás, Deus não é nada religioso, porque religião é pensar e servir a Deus, mas o Pai de Jesus de Nazaré não pensa em Si mesmo nem precisa ser servido por homem e mulher. Na verdade, Ele pensa em nós e busca exclusivamente nosso bem, não quer servos nem incensários que proclamem Sua glória. Busca-nos a nós mesmos, deseja nossa existência e nossa felicidade. Para isso criou o mundo e o colocou em nossas mãos.
        *** Isto me acontece dia e noite, e talvez para todo o sempre: diante do sofrimento angustiante de minha falecida filha Raquel, nos quatro anos de sua doença, com um insidioso câncer que tomou todo o seu cérebro, me custou muito tentar convencê-la de que Deus nos criou por amor. Confesso francamente hoje, diante da dolorosa ausência de minha inesquecível Raquel, que em certos momentos sou tentado a crer que eu, que me digo cristão, me sinto totalmente consciente desta cruel dúvida:  - Será mesmo verdade que Deus nos criou por amor? Que Ele, na Sua misericórdia, me perdoe!
      

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