Sou um "curioso" inveterado dos assim ditos "Padres da Igreja", da mais remota antiguidade que deixaram para nós, cristãos deste nosso século, obras teológicas de grande valor e de perene riqueza de Fé a fortalecer-nos em nossa caminhada para Deus.
Tenho hoje diante dos olhos um texto do grande bispo São Basílio, que viveu e pontificou no século IV, escrevendo sobre o Espírito Santo. Como eu gostei muito do texto, peço licença ao eventual e benévolo leitor para transcrevê-lo aqui, valorizando o meu modesto blog:
"Do Livro sobre o Espírito Santo, de São Basílio, Bispo da Igreja Católica":
O Espírito vivifica
O Senhor, que nos vivifica, e que nos concede a vida, estabeleceu conosco a aliança do Batismo, como símbolo da morte e da vida. A água é imagem da morte e o Espírito nos dá o penhor da vida. Assim torna-se evidente o que antes perguntávamos: por que a água está unida ao Espírito? É dupla, com efeito, a finalidade do Batismo: destruir o corpo do pecado para que nunca mais produza frutos de morte, e vivificá-lo pelo Espírito, para que dê frutos de santidade.
A água é a imagem da morte porque recebe o corpo como num sepulcro, e o Espírito, por sua vez, comunica a força vivificante que renova nossas almas, libertando-as da morte do pecado e restituindo-lhes a vida. Nisto consiste o novo nascimento da água e do Espírito: na água realiza-se a nossa morte, enquanto e Espírito nos traz a vida.
O grande mistério do Batismo realiza-se em três imersões e três invocações, para que não somente fique expressa a imagem da morte, mas também a alma dos batizados seja iluminada pelo dom da ciência divina. Por isso, se a água tem o dom da Graça, não é por sua própria natureza, mas pela presença do Espírito. O Batismo, de fato, não é uma purificação da imundície corporal, mas o compromisso de uma consciência pura diante de Deus. Eis porque o Senhor, a fim de nos preparar para a vida que brota da ressurreição, propõe-nos todo o programa de uma vida evangélica, prescrevendo que não nos entreguemos à cólera, sejamos pacientes nas contrariedades e livres da aflição dos prazeres e do amor ao dinheiro. Isto nos manda o Senhor, para nos induzir a praticar, desde agora, aquelas virtudes que na vida futura se possuem como condição natural da nova existência em Deus.
O Espírito Santo restitui o Paraíso, concede-nos entrar no Reino dos Céus e voltar à adoção de filhos. Dá-nos a confiança de chamar a Deus nosso Pai, de participar da Graça de Cristo, de sermos chamados filhos da luz, de tomar parte na glória eterna, numa palavra, de receber a plenitude de todas as bênçãos, tanto na vida presente quanto na futura.
Dá-nos ainda contemplar, como num espelho, a graça daqueles bens que nos foram prometidos e que pela Fé esperamos usufruir como se já estivessem presentes.
Ora, se é assim o penhor, qual não será a plena realidade? E, se tão grandes são as primícias, como não será a consumação de tudo na presença de Nosso Senhor Jesus Cristo?
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E eu encerro este blog de hoje, com a seguinte prece, que retiro da "Liturgia das Horas":
Quando emerge nossa carne das águas do Batismo,
Deixando ali sepultos os crimes do pecado,
A pomba do Espírito vem voando para nós,
e vem do Céu, trazendo a paz que Deus nos dá,
e a Igreja é figurada pela Arca da Aliança..
Bendito sacramento da Água Batismal
pela qual nos tornamos capazes
de entrar na Vida Eterna
purificados de todos os pecados da vida passada.
Amém. Aleluia.
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