Estou lendo, pela terceira ou quarta vez, o diário de Anne Frank, a menina que, a seu tempo, por ocasião da segunda guerra mundial, emocionou o mundo inteiro, com a publicação de seu "Diário".
Anne Frank morreu, juntamente com sua irmã, Margot, num campo de concentração nazista. (Margot morreu na câmara de gás, e Anne morreu de morte natural, vitimada pelo tifo).
Alguns dias antes de morrer Anne Frank escreveu em seu "Diário" estas palavras que sempre me emocionam quando eu o releio:
- "Verdadeiramente minha vida mudou, e para muito melhor, porque Deus não me abandonou, e não me abandonará jamais."
Estas palavras me fazem lembrar daquelas outras proclamadas não pelo Deus de Israel, mas por Seu Filho, tornado homem na Terra, para assumir a condição e os sofrimentos de homens e de mulheres, bem como a dar a eles e a elas um novo sentido à sua esperança: - "Deixai vir a Mim os pequeninos."
Apesar de sua saúde frágil, marcada por sofrimentos horríveis nos tempos de cativeiro, a alma de Anne Frank era daquelas que, desde sempre, responderam às palavras de Jesus de Nazaré: Deus, de fato, nunca a abandonou.]
Naquele campo de torturas e de mortes, em Bergen-Belsen, com seus fatídicos fornos crematórios e com o desencadeamento demoníaco das mais atrozes demonstrações da barbárie nazista, é preciso confessar que este Deus que Anne Frank mal conseguia definir, mas cuja imagem estava presente em seu coração, nunca haveria mesmo de abandoná-la até seus últimos dias, como nos comprova o "Diário".
E eu o creio, porque Deus, o "Abbá" de Jesus é Pai, e também porque, no mais profundo de nossas fraquezas humanas diante do sofrimento, no recesso mais sombrio de nossas angústias e revoltas, Anne Frank representa para nós uma das mais eloquentes certezas da realização plena de nossa esperança teologal..
Ela, que se considerava um nada, conseguiu romper a muralha de silêncio culposo das religiões (o Papa Pio XII?) e mostrar ao mundo inteiro nas páginas de seu "Diário", a chaga sangrenta das deportações em massa e do extermínio dos judeus nos campos de concentração. E pensar que nós, no Brasil,
estivemos bastante próximos dessa nefasta ideologia nazista na sua versão tupiniquim do integralismo de Plínio Salgado, cópia mal feita do fascismo de Mussolini, aliado confesso de Hitler.
O Prêmio Nobel da Paz, o Padre Pire, que à sua sexta aldeia européia acolhia os refugiados de todas as regiões da Europa, deu-lhe o nome de Anne Frank, a pequenina mártir que emocionou a todos nós, e se tornou a menina querida do mundo inteiro..
E termino o meu texto recomendando a todos que tenham oportunidade, que leiam o "Diário de Anne Frank", pedindo a Deus que nunca mais aconteça neste nosso mundo a tragédia da guerra e dos fatídicos campos de concentração, onde milhares e milhares de inocentes pagaram com a vida a bestialidade dos que se julgam os senhores do mundo.
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