domingo, 25 de janeiro de 2015

ENVELHECER



            Neste 29 de janeiro de 2015 chego ao meu septuagésimo nono ano de idade e, com ele, dou mais um passo rumo à chegada definitiva à casa do Pai de todos os pais. Dedico então o texto de hoje a todos quantos, como eu, estão também avançando em anos e, principalmente, à minha neta Isabela, que chegou ontem ao seu décimo sétimo ano de sua florida adolescência.
           
                                                  Agora que a velhice chegou
                                                  preciso aprender com o vinho
                                                  a melhorar envelhecendo
                                                  e sobretudo
                                                  a escapar
                                                  do perigo terrível
                                                  de, envelhecendo,
                                                  virar vinagre...


            É tão importante saber envelhecer! - dizia-me há tantos anos passados, o saudoso Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, quando eu cursava Teologia Sistemática na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e ele era meu mestre.
             Sim, é mesmo importante saber envelhecer. Sem dúvida, sei por experiência própria, das limitações que a velhice traz. Mas sei também que é feliz quem envelhece como as frutas que amadurecem sem travo...
            Feliz de quem envelhece por fora, conservando-se sempre jovem por dentro. Crescendo em compreensão para com tudo e para com todos, caminhando, sempre mais, no amor a Deus e no amor ao próximo...
            Quem conserva acesa a sua chama, quem mantém entusiasmo pelo que faz, quem sente razões para viver, pode ter o rosto cheio de rugas e a cabeça toda branca, é jovem! Quem não entende a vida, e não descobre razão para viver, e não vibra, não se empolga, pode ter vinte anos, mas já envelheceu!
         Adulto que não entende os jovens, que vive dizendo que no seu tempo não era assim, que reclama contra tudo, cava um abismo que o impede de atingir e compreender a gente moça.
           Minha vizinha, à direita, já é bisavó, e é confidente de uma enfiada de netas e de netos, e é claro que os aceita e respeita como na realidade se apresentam.
             Tive a ventura de receber pessoalmente a bênção do Papa João XXIII: ele, na época, com os seus oitenta e três anos de idade, foi o jovem mais jovem que encontrei na vida...
             Qualquer que seja a nossa idade, é preciso ter sempre na mente estes pensamentos:
             - o importante não é viver muito ou viver pouco, mas realizar na vida o plano para o qual Deus nos criou. As rosas, a rigor, vivem um dia. Mas vivem plenamente porque realizam o destino de graça e de beleza que vêm trazer à terra...
             - ao sentirmos que os anos passam, e a mocidade se vai, peçamos a Deus, para nós e para os que se tornam menos jovens, a graça de envelhecer como os bons vinhos envelhecem  -  tornando-se melhores  -  e, sobretudo, a graça de, envelhecendo, não azedarmos, não virarmos vinagre!...

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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado de Português e Francês do Quadro Próprio do Magistério Paranaense, e bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo.


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