terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A LEI DO AMOR



           
               Apesar dos tempos bicudos que estamos vivendo, com terrorismo e violências por todos os cantos deste nosso mundo, ainda me atrevo a falar na lei do amor. O primeiro e maior mandamento a nós deixado pelo Senhor Jesus. E o segundo lhe é semelhante. Afinal, o que é essa lei do amor?
               Temos a tendência a pensar nela com certo mal estar, como um ditame que interfere em nossa existência ordinária, natural, humana. É claro que aceitamos essa interferência como salutar, e mesmo "salvífica". Não consideramos indevida essa interrupção de nossas tarefas ordinárias. Contudo, temos que reconhecer que ela é um estorvo, em muitos momentos de nossa vida!...
                No entanto, a "Lei do Amor" (agora com iniciais maiúsculas, por ser ela sobrenatural), tende a fazer irrupção na "Lei da Natureza", que supomos ser-lhe oposta. Com um suspiro lá das nossas profundezas, renunciamos a tudo aquilo a que nos sentimos espontaneamente inclinados, e nos voltamos para "o dever" -  o dever do amor, imposto a nós por alguma razão imperscrutável, por Deus, para nos "salvar", dizem-nos os mestres espirituais. Bem, queremos, evidentemente, ser salvos, não é mesmo?
                 Entretanto, essa "lei do amor", porque quase sempre nos é apresentada numa pregação um tanto quanto cinzenta, me parece que um número sempre menor de pessoas se sente capaz de ainda manter vivo um autêntico interesse pela salvação.  E para isso busca o reforço da religião.
                  Proponho, então, que esqueçamos essa caricatura e procuremos compreender melhor a ótica cristã do amor.
                  Em primeiro lugar, a "lei do amor" é a mais profunda lei inscrita em nossa natureza, nos ensinam os teólogos. Ela não é algo de estranho e alheio à nossa natureza. Ela nos convida e nos inclina a amar livremente. A exigência mais profunda e fundamental da Lei Divina em nossos corações e em nossas mentes é que alcancemos nossa plena realização, amando desinteressadamente. Não basta possuirmos uma natureza humana; temos de agir como pessoas humanas.
                  Temos de exercitar todas as mais profundas capacidades de nossa natureza. Mais que isso - temos de agir como pessoas    -  e livremente! Desde que começamos a existir, começamos também a obedecer à "lei do amor". Não há como fugirmos dela.
                   As exigências do "lei do amor" são progressivas. No início, amamos a vida, amamos a sobrevivência a qualquer preço. Assim, devemos, em primeiro lugar, amar a nós mesmos e, à medida que crescemos, devemos amar os outros. Devemos amar os outros encontrando nesse amor nossa própria realização. 
                   Em seguida, devemos amá-los de maneira a realizá-los, a desenvolver neles sua capacidade de amor. Finalmente, devemos amar-nos a nós mesmos e aos outros em Deus e para Deus.
                   Lembremo-nos sempre: a exigência mais fundamental da "lei do amor" é que devemos amar livremente. A "lei do amor" nos ordena escolher o objeto do nosso amor, e não simplesmente amar qualquer objeto colocado diante de nós.
                  A "lei do amor" não é uma lei que nos ordene viver mergulhados em consolações sentimentais nem em benevolência "oficial" condescendente. Numa palavra, o mandamento que nor ordena amar é uma ordem a nos elevarmos acima dos mecanismos do instinto natural, a utilizar livre e deliberadamente uma força natural em vez de nos permitirmos ser conduzidos por ela e segui-la cegamente.
                 A "lei do amor" é a lei que nos ordena acrescentar novos valores ao mundo que nos foi dado por Deus, através do poder criativo que Ele colocou em nós  -  o poder da alegria na resposta, na gratidão, no dom de nós mesmos aos outros, nossos irmãos!...

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Aroldo Teixeira de Almeida é bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.

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