O apóstolo Paulo, na sua carta a Filêmon, exorta os amos a que sejam bons amos; exorta também os escravos a que sejam bons escravos, em tudo submissos a seus amos. Se os amos atendessem à exortação de Paulo, com certeza seriam considerados santos. Do mesmo modo os escravos. Amos e escravos seriam perfeitos cristãos, na concepção paulina, mas a estrutura social em que viviam, permitindo a escravidão humana, continuaria intata. A razão é muito simples: para que a estrutura seja realmente cristianizada, é necessário que os assim ditos cristãos tomem consciência das dimensões socias e históricas dos Evangelhos, dimensões essas que não podem coexistir com uma estrutura de escravidão.
Ora, a escravidão humana durou até fins do século XIX. Países que se diziam cristãos, como foi o caso do Brasil, conviveram pacificamente com ela, tiraram proveito dela sem que isso lhes trouxesse a mínima consciência de sua perversidade e sua não conformidade com os ensinamentos de Jesus de Nazaré e com a dignidade essencial da pessoa humana.
A realidade é triste, mas foi a pura verdade neste nosso Brasil: por estranho e inexplicável paradoxo, foram as grandes ordens religiosas católicas que sacramentaram, pela maioria de seus bispos, a hedionda instituição do escravagismo. Pois não é que os beneditinos (donos de instituições respeitadíssimas, como os mosteiros de São Bento no Rio, São Paulo, Olinda e Salvador), os jesuítas (defensores dos índios), e os franciscanos (pax et bonum = paz e bem) foram proprietários de milhares de escravos? Cuidavam dos bens celestiais, mas inventariavam seres humanos como peças do patrimônio material, sem nenhum pudor, dizem-nos os historiadores e estudiosos do tema.
Durante todo o tempo em que durou o regime de escravidão se afirma que houve milhares de santos que viveram sob tal regime. Segue-se daí que só pelo fato desses homens e mulheres serem individualmente santos, as estruturas sociais seriam necessariamente também santas? Ledo e leso engano: a História é testemunha da inverdade desta afirmação.
Na realidade, queiramos ou não, as estruturas criam mentalidades coletivas. Quando uma estrutura facilita a ação num determinado rumo, a experiência mostra que a maioria das pessoas age nesse rumo, sem questionar se moral e eticamente esse seu comportamento é justo. Um só exemplo, entre muitos outros: a estrutura de mercado no regime capitalista, fundamentada no livro jogo da oferta e da procura, visando sempre a um maior lucro, permite a sonegação de produtos para forçar o aumento de preços. E não é que muitos comerciantes que se dizem cristãos, que frequentam igrejas e templos, se aproveitam desse sistema, desculpando-se com o "negócio é negócio, religião é outra coisa", e o "todo mundo faz assim?"
Outro exemplo: o estado de subdesenvolvimento e marginalização de muitos países, notadamente os do chamado terceiro mundo, é devido à estrutura do comércio e das políticas financeiras internacionais, e essa estrutura, por sua vez depende das estruturas globalizantes e hegemônicas do capitalismo financeiro, especulativo e predatório, bem como de seu corolário lógico, as estruturas políticas internacionais. É fácil multiplicar os exemplos. Mas permanece o fato: não é a simples mudança de mentes e de corações que causará a derrota das injustiças sociais.
Toda estrutura, seja política, econômica, jurídica, social, ou outra qualquer, influi ao menos indiretamente sobre o comportamento humano. Tanto é verdade, que a estrutura familiar influi sobre o comportamento de seus membros: o filho único desenvolve-se diferentemente daquele outro, cujo caráter deva defrontar-se com seus demais irmãos ou irmãs. Não é indiferente que se esteja numa estrutura ou noutra, porque toda e qualquer estrutura condiciona nossa liberdade, queiramos ou não.
O estudo das estruturas da renda nacional revelará desigualdades que obrigam o éxodo quase compulsório de uma porcentagem de moças do interior para as metrópoles, e pode-se ver nessa estrutura uma das causas remotas da prostituição.
O cristão idealista e de boa fé poderá objetar que uma pessoa moralmente consciente é sempre capaz de reagir contra uma estrutura perversa. A experiência, porém, mostra-nos que reagir habitual e frutuosamente contra tal estrutura é algo possível apenas a uma minoria de pessoas: os heróis e os santos, e se bem que todos nós sejamos chamados à santidade em Cristo, o heroísmo é exceção em todas as ordens da vida, e nem sequer dá sempre resultados satisfatórios. Acrescente-se que para o comum de homens e mulheres a virtude não será possível sem um quadro social que lhes faculte um clima de conforto e de estímulo para o bem.
Este ensinamento clássico da espiritualidade cristã vem sendo reclamado com insistência por todos os Papas, desde Leão XIII até o atual, Bento XVI. - "O Estado, cuja razão de ser é a realização do Bem Comum na ordem temporal, não pode manter-se ausente do mundo econômico: deve intervir com o fim de promover a produção de uma abundância suficiente de bens materiais, cujo uso é necessário para o exercício do bem-viver."
Reagir pode ser exigido, em certas circunstâncias, a uns poucos, mas para a imensa maioria das pessoas é necessário oferecer-lhes estruturas sadias, às quais apenas excepcionalmente se tenha que enfrentar.
Não se pode modificar de imediato uma estrutura já firmemente estabelecida e defendida com unhas e dentes por aqueles que dela se beneficiam. Mas trabalhando-se com tenacidade, persistência, perseverança e lucidez, é sempre possível criar nas pessoas uma mentalidade transformadora. Além disso, há ocasiões ou momentos decisivos e privilegiados em que algumas vontades individuais são chamadas a intervir pró ou contra uma modificação de determinada estrutura claramente lesiva ao Bem Comum ou em desacordo com as convicções de parcela significativa da população.
Aquela pessoa, aquele líder comunitário, qualquer detentor de poder político que, tendo tomado consciência do problema, não aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para influir sobre essa estrutura injusta e de pecado, toma sobre si pesada responsabilidade diante do sofrimento de seus irmãos.
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Comemoramos dias atrás o Dia Internacional da Mulher. Em homenagem a todas as mulheres deste nosso mundo segue o texto abaixo, apesar de eu saber perfeitamente que elas merecem muito mais do que belas palavras.
SEM CULPA
Mulher feliz é mulher
que escolhe seu destino.
Escolhe ser mãe ou não.
Escolhe ser casada ou solteira.
Escolhe cair na balada
ou pegar um cineminha.
Escolhe deixar o filho
na creche ou com o pai,
ou o avô ou o tio.
Compartilha responsabilidades.
Reivindica melhores salários
Participa ativamente da política
- porque é lá
que suas escolhas se ampliam
cada vez mais.
Mulher feliz é mulher
sem culpa de exercer o poder
sobre sua própria vida.
Essa é a mulher eterna
que eu amo!
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Comemoramos dias atrás o Dia Internacional da Mulher. Em homenagem a todas as mulheres deste nosso mundo segue o texto abaixo, apesar de eu saber perfeitamente que elas merecem muito mais do que belas palavras.
SEM CULPA
Mulher feliz é mulher
que escolhe seu destino.
Escolhe ser mãe ou não.
Escolhe ser casada ou solteira.
Escolhe cair na balada
ou pegar um cineminha.
Escolhe deixar o filho
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ou o avô ou o tio.
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sem culpa de exercer o poder
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