Se a Raquel, minha filha querida, estivesse viva, estaríamos comemorando festivamente seu aniversário natalício. Infelizmente a morte, esse destino implacável de todo ser finito e contingente, como somos todos nós, frustrou nossas expectativas, levando-a prematuramente para o Reino de Deus. A tristeza infindável que nos martiriza, pela ausência física da pessoa amada é, paradoxalmente, aliviada pela alegria e pela certeza absoluta que temos de que ela, pela sua vida profundamente vivida, pela Caridade ardente que animava todo o seu relacionamente com as pessoas que a rodeavam, descansa hoje na bem-aventurança eterna.
Com seu organismo debilitado por um câncer que lhe corroía coluna vertebral, pulmão e cérebro, ela esperava a morte, mas transfigurada pela resignação, pela confiança em Deus e pelo amor de toda a sua pequena família, que sofria com ela.
Permanece agora a dor da saudade no coração de sua filha Isabela, de seus pais, de seus irmãos, que dedicam à Raquel este singelo poema, fruto da dor, mas aliviada pela certeza de que ela descansa em paz junto ao Abbá de Jesus de Nazaré, junto ao Pai de todas as vidas.
Eu esperei a Morte como se espera o Bem Amado
Ignorava como ela viria
Nem como viria
Mas eu a esperava
E não havia medo nessa expectativa
Havia somente ânsia e curiosidade
Porque a Morte é bela
Porque a Morte é uma porta
Que se abre para lugares desconhecidos
Mas imaginados
Como o Amor
Que nos leva para um outro mundo
Como o Amor
Que nos promete uma outra vida
Diferente da nossa
Eu esperei a Morte como se espera o Bem Amado
Porque eu sei que em breve ela viria
E me receberia
Em seus braços amigos
Seus lábios frios tocarão a minha face
E sob a sua carícia
Eu adormecerei o sono da Eternidade
Como nos braços do Bem Amado
Sei que este sono será
Um ressurgimento
Porque sei que a Morte é a Ressurreição
A Libertação
A Comunhão total
Com o Amor Total
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