Blog do Mestre
Prof. Aroldo Teixeira de Almeida
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
quarta-feira, 21 de novembro de 2018
segunda-feira, 2 de abril de 2018
A PÁSCOA ESPIRITUAL
A Páscoa, que acabamos de celebrar, é a causa da salvação de todo o gênero humano, a começar pelo primeiro ser humano, que é salvo e vivificado em cada um de nós.
Mas a salvação foi preparada por diversas instituições, imperfeitas e provisórias, que eram símbolos e imagens das coisas perfeitas e eternas, para anunciarem em esboço a realidade que surge atualmente à plena luz da verdade. Contudo, uma vez que essa verdadeira realidade se tornou presente, a figura deixa de ter sentido. Quando chega o rei, ninguém, deixando de lado a pessoa própria do rei.
Assim se vê claramente em que medida a figura é inferior à realidade verdadeira, pois a figura representa a vida breve dos primogênitos dos judeus, ao passo que a realidade celebra a vida eterna de todos os seres humanos.
Não é grande coisa alguém livrar-se da morte por algum tempo, se pouco depois terá de morrer. O que é admirável é evitar a morte de uma vez para sempre, como aconteceu conosco por meio de Cristo, que foi imolado como nosso cordeiro pascal.
O próprio nome da festa, se compreendermos o seu verdadeiro significado, nos sugere a sua peculiar excelência. Páscoa, com efeito, significa "passagem" , pois o anjo exterminador, que feria de morte os primogênitos dos egípcios, passava adiante, sem entrar nas casas dos hebreus. Todavia, em relação a nós, a passagem do exterminador é um fato, porque passou realmente sem nos tocar, a nós que por Cristo ressuscitamos para a vida eterna.
E o que significa, em seu sentido místico, o fato de se determinar como início do ano, o tempo em que se celebrava a Páscoa e a salvação dos primogênitos? Significa que também para nós o sacrifício da verdadeira Páscoa constitui o início da vida eterna.
Na verdade, o ano é símbolo da eternidade. Sendo a sua órbita circular, o ano gira continuamente sobre ela sem nunca parar. Mas Cristo, pai do mundo novo, oferecendo-Se por nós em sacrifício, como que anulou a nossa existência anterior, proporcionando-nos, pelo batismo do novo nascimento, o começo de uma outra vida, à semelhança da Sua morte e ressurreição.
Por conseguinte, quem tiver consciência de que a Páscoa foi imolada em seu benefício, deve aceitar como início de sua vida o momento em que Cristo se imolou por ele. Ora, tal imolação atualiza-se em cada um de nós quando reconhecemos essa graça e compreendemos que a vida nos foi dada por esse sacrifício.
Quem chegou a esse conhecimento, esforce-se por aceitar o começo da vida nova, sem pretender voltar à vida antiga que foi ultrapassada. De fato, "se já morremos para o pecado,- pergunta o apóstolo Paulo - como vamos continuar vivendo nele?" (Rm 6,2).
****************************
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
A FACE HUMANA DE DEUS
Quem é Jesus de Nazaré, que acabamos de celebrar semanas atrás, nas festividades do Natal?
A Bíblia Sagrada nos afirma que Jesus de Nazaré é o Cristo de Deus, o Messias predito e esperado ansiosamente pelos profetas, com ênfase principalmente em Isaías, e que deveria vir ao mundo para trazer-lhe a salvação, conforme os desígnios de Deus.
Na Sua humanidade, Jesus de Nazaré, convém insistir, não é um Deus-homem neutro, impessoal e distante, mas é o Verbo de Deus ou o Filho encarnado e que, feito homem, Se relacionou sempre, de modo pessoal e constante, com o Seu Abbá/Pai, e eu acrescentaria a esse Abbá/Pai, pela ternura com que Jesus O apresenta, a característica materna, designando-O por Abbá/Pai-Mãe.
Celebrando a pessoa, a mensagem e os atos de Jesus na Sua vida pública nas estradas da Palestina, nós cristãos cultivamos aquilo que a Teologia chama de cristocentrismo, porque Cristo é o centro fundamental da obra de salvação querida por Deus, e que Jesus nos trouxe e testemunhou pela Sua morte e ressurreição.
Não nos esqueçamos, porém, que o cristocentrismo, por sua própria natureza, é teocêntrico,
porque Jesus de Nazaré nos revela o mistério de Deus de modo único e incomparável. Assim, estudando a Cristologia, descobrimos que o cristocentrismo atinge as suas culminâncias, abrindo-nos caminho para o mistério do Deus/Trindade. Em Jesus Cristo, na Sua encarnação por obra do Espírito Santo, o Verbo de Deus entrou pessoalmente, na história humana, baixou até nós para fazer-nos participantes de Sua filiação divina. Por isso, confessamos, com certeza absoluta, que o acontecimento Jesus Cristo é a história humana de Deus.
Afirmamos que nessa história humana o Filho assumiu por nossa causa revelar-nos o segredo da intimidade divina: o Pai, que é fonte, a origem; o Filho, que vem eternamente do Pai e, através do Filho, o Pai nos envia eternamente o Espírito Santo. Mostrando-nos essas relações interpessoais, cerne da intimidade e da comunhão divina, o evento Jesus Cristo nos ensina que "Deus é Amor",
na memorável intuição do evangelista João, e que o amor que Deus é transborda abundantemente até a nossa humanidade.
Em Jesus de Nazaré Deus Se revela um "Deus diferente". Não no sentido de que Ele é outro Deus, mas no sentido de que Ele é o Deus Único, e que nos falou e Se comunicou conosco pessoalmente, na pessoa de Seu Verbo feito carne, Jesus de Nazaré. Em consequência, Jesus é para nós, então, a "face humana" de Deus. Essa imagem de Deus impressa no rosto de Jesus constitui a realidade de um Deus que, livremente, por amor, quis, nos termos admiráveis do apóstolo Paulo, auto-esvaziar-Se em Sua própria auto-doação. Em Jesus, Deus Se tornou "o Deus-para-homem-e-mulher-de-modo-humano", como nos desvela o teólogo e pastor luterano Bonhoeffer, num texto inesquecível.
Livre em Sua auto-doação, o Deus de Jesus de Nazaré é também um Deus que nos liberta e nos resgata, transmitindo-nos, de forma humana, a liberdade gratuita com que Deus-Pai nos liberta para sermos filhos seus, conforme vários textos paulinos.
Em Jesus de Nazaré, nossa história humana se tornou também história de Deus. Para sempre e pessoalmente, Deus Se uniu com a humanidade, por um vínculo indissolúvel, e permanece comprometido conosco de maneira irrevogável, num diálogo de salvação e de dom de Si mesmo, pelo Seu Espírito Santo, que nos inspira e nos mostra o caminho do autêntico seguimento de Cristo.
Todo este elenco de verdades sobrenaturais está implícito nas festividades do Natal de Jesus, que acabamos de celebrar semanas atrás em todas as igrejas do mundo inteiro.
*******************************
Aroldo Teixeira de Almeida é bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.
******************************
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
AOS MEUS FILHOS E NETOS
"Como um sopro se acabam os nossos anos. Pode durar setenta anos a nossa vida; os mais fortes talvez cheguem a oitenta." (salmo 89).
Foi meditando nestas palavras do salmo 89, que rezo diariamente na "Liturgia das Horas", é
que me decidi a escrever-lhes esta carta, parafraseando, aliás, uma outra escrita pelo professor Afonso Antoniuk. Ele, com certeza, é também pai e avô, e por isso compreenderá o por quê eu me atrevi a imitá-lo.
Em janeiro entro no meu octogésimo terceiro ano, dentro, portanto, dos limites estabelecidos pelo salmista. Sendo assim, talvez muito em breve, ou talvez com maior demora, quando este velhote meio careca já não for o mesmo, peço-lhes a caridade de terem comigo um pouco mais de paciência e compreensão.
Quando eu derramar sopa ou café na roupa, ou esquecer de amarrar os cordões dos também velhos sapatos, lembrem-se das muitas vezes em que passei um bom tempo mostrando a vocês como amarrar os seus.
Quando amigos e vizinhos vierem conversar comigo e vocês me ouvirem repetir sempre as mesmas histórias de antigamente, e que vocês já sabem de cor e salteado como é que terminam, não me olhem com olhos gozadores, nem me interrompam. Lembrem-se de que, quando eram pequenos,
à beira de seus leitos eu lhes contava centenas de vezes a mesma história do Chapeuzinho vermelho e do lobo mau, até que o sono chegasse, e vocês conseguissem adormecer. Sem esquecer, é claro, que muitas vezes eu me atrevia até a cantarolar com voz desafinada ingênuas cantigas de ninar, quando o sono lhes custava a chegar.
Quando me virem embasbacado e ignorante diante da parafernália eletrônica que hoje é café pequeno para vocês, tenham paciência e não me lastimem com sorrisos zombeteiros. Lembrem-se de que fui eu quem lhes ensinou as primeiras letras e a vencerem os obstáculos da vida, como agora vocês o fazem muito bem, manuseando com maestria teclados de computadores, engenhosos celulares ou cordas de guitarras elétricas.
Quando eu for à igreja e demorar muito a sair de lá, atrapalhado entre os bancos ou porque me foi difícil encontrar a saída, sejam pacientes e saibam que dezenas de vezes me dirigi a esse lugar santo para pedir a Deus que nunca faltasse nada aos meus filhos e netos, nem alimentos, nem passeios, nem divertimentos sadios, nem tudo aquilo que pudesse dar-lhes alegria e torna-los contentes e felizes.
Quando me faltarem as pernas no caminhar, e nem a bengala conseguir manter-me em pé,
deem-me suas mãos para ajudar-me a trocar os passos, como eu fiz com vocês para ensiná-los mais depressa a andar.
Se porventura eu molhar ou sujar as roupas íntimas por conta da incontinência própria da velhice, não me censurem, pois quantas vezes eu ajudei sua mãe ou avó a trocar as fraldas sujas ou molhadas de vocês...
Peço-lhes agora, e isto é muito importante para mim, perdão pelas minhas constantes ausências naqueles tempos já distantes em Barbosa Ferraz, vocês ainda crianças, ir e voltar do trabalho, manhã, tarde e noite, deixando-os dormindo de manhãzinha e encontrando-os adormecidos à noite, isto me fazia sofrer muito. Mas deveu-se à luta pela subsistência e para conseguir, com meu trabalho diuturno, proporcionar-lhes o melhor, o que nem sempre foi possível fazer, e aqui também lhes peço compreensão.
Quando me ouvirem dizer que estou cansado da vida e que me custa muito carregar nas costas oitenta e dois anos de idade, não fiquem zangados nem tristes, pois algum dia vocês entenderão que o que digo não contradiz o carinho e o amor que sempre tive por vocês.
Não fiquem chorosos ao me verem encurvado e trêmulo, muitas vezes perdendo o equilíbrio e desabando no chão, deem-me as mãos, ajudem-me a levantar e me amparem, como eu os acompanhei em suas caminhadas, e eu lhes devolverei gratidão e sorrisos pela atenção que tiverem comigo.
E se eu, em consequência da idade, começar a esquecer os seus próprios nomes e até a confundir uns com os outros, por caridade, nunca se esqueçam de mim!...
Seu pai, e seu avô, Aroldo.
**********************************
sábado, 18 de novembro de 2017
Darcy minha irmã
quarenta e quatro anos
Raquel minha filha
quarenta e três anos
ambas meus dois amores
morte e vida severina
ambas na minha memória
Darcy
numa mesa de cirurgia plástica
procurando mais vida
na vida encontrou a morte
morte e vida severina
Raquel
num hospital a sofrer
lutava contra a morte
mas lutando contra a morte
na morte encontrou
a Vida eterna
morte e vida severina
Darcy e Raquel
ambas meus dois amores
descansem na Casa do Pai
do Pai de todos os pais
Assinar:
Postagens (Atom)