sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A IGREJA, AS IGREJAS E A POLÍTICA



            Num texto que publiquei recentemente, em tempo de eleições, afirmei que as igrejas, tanto a Católica, quanto as assim ditas Evangélicas, não deveriam identificar-se com qualquer sistema político ou econômico, pois isto não é competência das igrejas. Cuidar da justa ordem da sociedade civil e do Estado é tarefa da Política.
            No âmbito da Igreja Católica - (sou católico pela Graça de Deus) - o Concílio Vaticano II, em um de seus documentos oficiais, proclamou solenemente a autonomia das realidades temporais terrestres, cuja incumbência pertence, de direito, ao Estado. Nestes termos, também o Estado não deve imiscuir-se no plano espiritual e das consciências,  que é campo exclusivo das igrejas.
            O Estado não pode impor a religião a seus súditos, mas, isto sim, garantir a liberdade de crença e a paz entre os praticantes das diversas religiões.
            O objetivo e a medida intrínseca da Política é a promoção de uma ordem justa na  sociedade, em todos os diversos setores. A Política é mais do que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos políticos , como quer que se queira defini-la. O pensamento social católico não pretende nem pode conferir à Igreja poder sobre o Estado. Ela deseja e deve simplesmente contribuir para a purificação dos objetivos políticos e prestar a própria ajuda para fazer que tudo quanto for justo possa, aqui e agora, ser reconhecido e realizado para o Bem Comum da sociedade.
            As igrejas não podem nem devem tomar nas próprias mãos a batalha política para realizar uma sociedade mais justa e consentânea com o Bem Comum. Mas também não podem ficar em cima do muro quando  se trata de luta pela justiça e pela paz social.
            Na esfera política, o dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos leigos, e não das igrejas como instituição. Os fiéis de qualquer igreja, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente da vida pública, de uma ou de outra maneira. Eles não podem abdicar da múltipla e variada opção econômica, social e legislativa, executiva e cultural, destinadas a promover orgânica e institucionalmente o Bem Comum.
            A missão do fiel de qualquer igreja, dentro das realidades terrestres e temporais é configurar retamente a vida social, respeitando a sua legítima autonomia e cooperando, segundo sua competência e responsabilidade, com os demais cidadãos. E sempre, como pessoa religiosa, deve sentir-se animado pela Caridade Cristã, e sua vida pública deve ser vivida como Caridade Social porque, homem e mulher, além da Justiça, têm e terão sempre a missão de  viver e realizar plenamente o Amor.

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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado de Português e Francês, do Quadro Próprio do Magistério Paranaense, e bacharel em Teologia Dogmática, pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.

                                                 

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