Eis aí uma questão que nos obriga a refletir: a Caridade nos convoca a estarmos sempre prontos a atender às necessidades de todos quantos nos rodeiam, sem distinção de classe, de cor, de religião. Como quer que seja, somos todos irmãos em Cristo, e responsáveis cada qual pelas necessidades e carências de cada um. Neste sentido, o desafio prático do cuidado com o outro consiste na determinação de seu objeto. Que valor, que pessoa, que causa, que bem, merece o esforço pessoal de nosso cuidado?
Por vezes a perspectiva da retribuição facilita a escolha, quer haja apenas reciprocidade ou até mesmo lucro. Muitos fenômenos de nossa vida de cada dia podem ser analisados do ponto de vista do cuidado: expressam escolhas de objetos privilegiados por e para nosso cuidado com o outro.
Como quer que seja, o preceito é amar o próximo como a si mesmo, onde e como ele estiver, e amar a Deus conjuntamente.
A humanidade, no fundo, não mudou muito depois do poeta latino da antiguidade romana, Ovídio, que estudei nos tempos de ginásio, e que em seus escritos dizia que "a humanidade não mudou muito, porque o que conta sempre é o poder do dinheiro. Ele consegue honras, ele consegue amizades e, com isso, o pobre é sempre pisoteado."
O crente piedoso reza sem saber como se entrosam o cuidado que cabe a nós e o cuidado para com o divino. A oração de pedido, muito exercida entre nossa gente, entende pressionar o cuidado divino num sentido que sempre nos pareça favorável, esquecendo-se de que o cuidado divino em resposta à nossa oração de pedido não toma obrigatoriamente a forma de milagre contrário às leis naturais quando atendido.
Diz-nos o catecismo que Deus age normalmente pelo jogo normal da natureza, de modo que o mesmo acontecimento pode, de um certo ponto de vista, explicar-se cientificamente e, de outro ponto de vista, ser atribuído pelo crente à vontade de Deus, no plano da oração de pedido e de ação de graças.
De qualquer maneira, o cuidado brota num contexto de solidariedade. Seu horizonte terrestre, humano, é a justiça e a paz. Muitos, entretanto, não conseguem ver que a paz, como todo bem, possui seu preço a pagar, pois resulta em benefício pessoal, este interesse pessoal sem o qual a maioria das pessoas não é capaz de levantar um dedo.
Frequentemente se esquece que cuidar das coisas que se referem a Deus, cuidar da terra, cuidar do próximo, é também cuidar de si mesmo, tarefa de toda uma vida.
É sempre bom pensar nisso de vez em quando.
É sempre bom pensar nisso de vez em quando.
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Olá Aroldo
ResponderExcluirBela postagem, é muito gratificante cuidar das coisas de Deus. Abraços.