quinta-feira, 22 de junho de 2017

DEPOIMENTO PESSOAL


dois
            Oitenta e três anos de idade, boa saúde, e ainda com o privilégio de ser amante de um bom vinho, não me falta melhor fortuna  que me sentar  à sombra de bela árvore no quintal de minha casa e mergulhar na leitura de meus autores prediletos: os lá dos primeiros séculos da história da Igreja, como o que estou lendo atualmente, São Cipriano, bispo e mártir do século III depois de Cristo.
            Antes do mais, ele, Doutor da paz e Mestre da unidade, não gostava que um cristão rezasse sozinho e em particular, como que  rezando só para si mesmo. De fato, não dizendo: - "Meu Pai que estais no Céu"; nem "Meu pão de cada dia dai-me hoje". O correto, para São Cipriano, seria dizer: "Nosso Pai; Nosso pão".
            Do mesmo modo, rezando-se o "Pai nosso", não se pede só para si o perdão da dívida de cada um, ou que não caia em tentação e seja livre do mal, rogando cada um para si mesmo.   Nossa oração, dizia ele, deve ser pública e universal, pois quando oramos não o fazemos para um só, mas para o povo todo, já que todo o povo forma uma só realidade, que é a Igreja.
            O Deus da paz e Mestre da concórdia, Jesus, que nos ensinou a viver a unidade, quis que orássemos um por todos, como Ele em Si mesmo se lembrou de todos, na Sua obra de redenção.
            Lemos no Antigo Testamento que os três jovens, lançados na fornalha  ardente, observaram esta lei da oração, harmoniosos na prece e concordes pela união dos espíritos. A firmeza da Bíblia Sagrada assim o declara e, narrando de que maneira eles oravam,  apresenta-os como exemplo a ser imitados em nossas preces, a fim de que nos tornássemos semelhantes a eles. Então, nos ensina a Bíblia, os três jovens, como que por uma só boca, cantavam um hino de louvor  e bendiziam  a  Deus. Falavam como se tivessem uma só boca e que Cristo ainda não lhes havia ensinado a orar.
            Por isto a palavra foi favorável e eficaz para os orantes. De fato, a oração pacífica, simples e espiritual, mereceu sempre a Graça do Senhor.
            De igual modo oravam os apóstolos e os discípulos depois da ascensão do Senhor: -"Eram perseverantes, todos unânimes na oração com as mulheres e Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos".
            Perseveram unânimes na oração, manifestando tanto pela persistência como pela concórdia de sua oração, que Deus os faz habitar unânimes na Sua casa, só admite na Sua eterna e divina casa aqueles cuja oração é unânime.- "Rezai assim, diz o Senhor:  Pai nosso, que estais nos céus".
            Homem e mulher, renascidos pela Graça, restituídos a Deus, dizem, em primeiro lugar, "Pai",
porque já começaram a ser filhos.
            - "Veio ao que era seu e os seus não O receberam. A todos aqueles que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, a todos aqueles que creem em Seu nome.
            Quem, portanto, crê em Seu nome e se fez filho de Deus, deve começar por aqui, isto é, por dar graças e por confessar-se filho de Deus ao declarar ser Deus o seu Pai nos céus.
            E paro por aqui, encerrando o texto de hoje com uma oração muito do gosto de São Cipriano, e que ela se torne também para nós a oração de todo o dia, mesmo naqueles dias em que não pudermos passar sem uma bela taça de vinho:
            - "Ó Deus, anunciarei o Vosso nome a meus irmãos enólogos pela alegria que nos dais ao degustarmos sobriamente o fruto da videira, lembrando que Vós,  no Vosso amor para conosco, deu-nos a graça de Vos termos sempre conosco, no sacrário de nossas igrejas, sob as espécies sacramentais do pão e... do vinho, consagrados pelo sacerdote, durante a Santa Missa.
             Assim seja. Amém.

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