segunda-feira, 21 de outubro de 2013
- "NÃO TENHO TEMPO!..."
Nos meus tempos de Faculdade de Teologia, em São Paulo, na década de 60, era lido no refeitório o livro de Michel Quoist, "Poemas Para Rezar", livro este já em várias edições no Brasil. O eventual e heróico leitor deste meu blog, se puder, chegando a uma livraria católica pergunte se ela tem o livro e, se tiver, compre-o, pois esse é o tipo de livro que a gente não se cansa de ler e tem gosto de emprestar para os amigos.
Em um de seus poemas, Michel Quoist chama a atenção do leitor para a desculpa que nós todos apresentamos, tantas vezes, de falta de tempo:
- "Desculpe-me, não tenho tempo"; "Estão me esperando"; "Preciso ir": "Só disponho de um minuto"; "Não tenho tempo"...
Quando se quer mesmo, o tempo aparece. É um fato indiscutível. Às vezes acabo de despachar alguém, que talvez estivesse necessitadíssimo de falar, de ser ouvido, talvez a minha fosse a última porta em que seu desespero estivesse batendo... Despacho-o sem ouvir, ou ouvindo às pressas, alegando falta de tempo; surge alguém ou algo que me interesse, e o tempo também aparece...
Quantas vezes o encontro se arrasta durante horas, e assim que chego em casa, eu me lembro de que faltou na conversa um assunto importantíssimo: e haja telefonema daquele tamanhão!...
O tempo! Confesso que só consigo avaliar como o tempo passa, se evapora, contemplando meu relógio, no ponteiro dos segundos...
Dificilmente chego a considerar que o importante não é tentar o impossível de fazer o tempo parar. O importante, me parece, é aproveitar o tempo, transformando-o em positiva eternidade.
Pensando bem, se aparentemente eu perco meu precioso tempo para pensar em Deus e abrir espaço para o próximo; se não guardo, avaramente, todo o tempo só para Ele, muitas vezes acabo tendo uma surpresa de ver como o tempo se multiplica
A pessoa que anda com o tempo sobrando, que não tem nada para fazer, já dá uma prova de que anda sem olhos para ver e sem ouvidos para ouvir.
Se visse e ouvisse, apareceria muita coisa para fazer. Não é de modo algum perda de tempo um papo amigo, ou uma diversão, ou um passeio que me ajude, que me descanse... O horrível é atender alguém já lhe dizendo antecipadamente que só disponho de três minutos, ou mesmo de cinco, ou de dez, ou de quinze. Marcar o prazo, ficar olhando o relógio, sobretudo para os tímidos, é um desastre. A pessoa nem encontra mais o que dizer.
Claro que existem pessoas que abusam, que têm o hábito de tomar todo o meu tempo, mesmo sabendo que tenho outros compromissos.
Depois de muito ler, conversar com pessoas mais velhas e experientes, consegui aprender a organizar as grandes linhas de minha vida e do meu tempo. Aprendi a prever as grandes tarefas de cada dia. Principalmente, cheguei à conclusão de que não é egoísmo salvar, além dos compromissos, tempo para um encontro, mesmo rápido, mas profundo, com Deus, na oração.
Não é perda de tempo reservar um pouco de tempo para reabastecer-me, inclusive ler um bom livro. Se me deixar pura e simplesmente devorar-me no trabalho, muito em breve não acharei nada mais para oferecer aos que me rodeiam, algo de válido, com simplicidade e amor.
Devo sempre ter presente que o Amor de Deus ajuda a quem se dispõe a gastar bem o seu tempo, transformando-o em boa eternidade!...
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