quinta-feira, 3 de outubro de 2013

PALMEIRA IMPERIAL

]         (Antes de entrar no meu texto de hoje, impõe-se a necessidade de agradecer, penhorado, aos meus amigos e ex-alunos dos tempos idos em Barbosa Ferraz, no interior do Paraná, à Amadora e ao Celso, pelas palavras de conforto e encorajamento por ocasião do trágico falecimento de meu filho Júlio).

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          Poema dedicado à Palmeira imperial:

          Palmeira imperial:
          aflige-me tua retidão
          quase excessiva
          para uma simples criatura
          Perto de minha janela
          ao alcance de meus olhos
          prefiro outras árvores
          de galhos tortuosos
          mais pecadores
          mais humildes
          mais humanas... 

         Tomo a liberdade de publicar este poema do Arcebispo de Olinda e Recife, o saudoso Dom Hélder Câmara, falecido em 28 de agosto de 1999, isto porque, contemplando a  foto da Palmeira Imperial numa enciclopédia, sinto que ela parece me entender. O fato é que a achei lindíssima. De impressionante majestade. Palmeira realmente de porte imperial.
         Se a sua retidão, quase excessiva, parece afligir-me, certamente é porque acho muito difícil ela, uma Criatura, subir sempre, de virtude em virtude, de luz em luz, sem jamais uma escorregadela, sem nem de sombra, uma queda...
         O verdadeiro perigo seria que no fim a Criatura, sempre em linha reta, sempre em ascensão, sempre mais banhada de luz, acabar se julgando de matéria diferente e olhando com desprezo ou, no mínimo, sem compreensão com os que tropeçam, os que tombam, os que se sujam no pó ou até da lama dos caminhos...
         É sempre bom lembrar o que o salmista hebraico diz ao Senhor: -"Tu és bom porque me humilhaste."
         Se eu caio e me levanto, se eu caio e não desanimo - recomeço humilde e alegremente depois de cada queda - os escorregões, os tombos, o mergulho na água ou na lama dos caminhos, podem tornar-me mais compreensivo e mais humano!...
         Não quero que meu eventual e heróico leitor se escandalize de eu gostar das árvores de galhos tortos, "mais pecadores, mais humildes, mais humanos..."
         É claro que eu, como cristão católico, não me alegro com o pecado de ninguém. Mas se o pecado torna mais humilde, ajuda a entender as fraquezas alheias, é o caso de cantar com meu santo favorito, Santo Agostinho: - "Ó culpa feliz, ó pecado abençoado, que nos trouxe tão sublime Redentor!"
         A propósito de árvores e de vidas humanas, minha neta adolescente me perguntou numa tarde, em conversa sobre certas atitudes nossas: - "O que é que Você prefere: - "Quebro, mas não vergo!" ou: - "Vergo, mas não quebro"?
         Demorei com a resposta porque, dependendo das circunstâncias e da maneira de entender, acho que eu gostaria de ambas as alternativas.
         "Quebro, mas não vergo", é um lema esplêndido, desde que nele não entre nem orgulho, nem presunção, e a confiança de não vergar esteja mais no auxílio de Deus do que em mim mesmo. Quem pode garantir que nunca se vergará?
           É bom pedir a Deus, diariamente, nas orações, que Ele não me deixe vergar. Posso até dizer a Ele que prefiro quebrar do que vergar...
           Mas, bem entendido, o "vergo, mas não quebro" é também muito forte e muito belo. Mas a verdade é que eu preferiria dizer:  -"Vergam-me, mas não quebro", no sentido de que podem nos vergar o corpo contingente e finito, mas ninguém poderá me vergar e, definitivamente, jamais me vergará a alma, resgatada pelo sangue de Jesus Cristo! E posso dizer a Ele: - "Prefiro quebrar, a vergar..." Ainda aqui, porém, só com a ajuda de Deus e com muita humildade.
           Palmeira Imperial!
           Árvore que pode quebrar, mas nunca vergar!
           Todas as demais árvores que quebram, mas nunca vergam! O que peço para Vocês e para mim, bem como para todos os meus irmãos humanos, a Deus, é a humildade, pois os Evangelhos nos dizem que só os humildes têm a protegê-los a invisível mas misericordiosa mão de Deus!
        
         
          

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