segunda-feira, 12 de outubro de 2015

EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE OU PARA A ESCRAVIDÃO?



            Trabalhei no magistério público paranaense durante trinta anos. Antes de ser professor  por concurso de provas e títulos, fui secretário de escola e diretor, a título precário. Aprovado em concurso, passei a trabalhar na Escola Estadual Machado de Assis - Ensino de Primeiro e Segundo Graus, no município de Barbosa Ferraz, interior paranaense, até que me aposentei, mas não me desliguei dos assuntos educacionais até hoje, agora em Curitiba.
             Creio que tenho condições de opinar um tanto quanto neste campo, já que tenho como parâmetro de minhas idéias o seguinte questionamento: a educação que gerou o nosso mundo, liberta ou escraviza?
             Se a árvore deve ser julgada pelos frutos, conforme a sentença dos Evangelhos, a educação - do lar, da escola, da Igreja, das grandes e pequenas religiões - está precisando de mudanças profundas.
             Apesar de todos os pais  -  eu, entre eles, principalmente pela minha condição de leigo católico  -  desejarem o bem máximo para os filhos; apesar de a escola pretender ser de vida, pela vida e para a vida; apesar de a Igreja pretender apresentar Deus como Pai e levar homens e mulheres a viverem como irmãos, pergunto: como explicar, que, no balanço geral do trabalho educativo, encontramos 20 por cento da humanidade com mais de 80 por cento dos recursos da Terra e, consequentemente, mais de 80 por cento com menos de 20 por cento desses mesmos recursos?
             Poder-se-ia alegar que o homem está dominando a matéria de maneira altamente promissora. Entre inúmeros pontos altos a citar, me pareceria válido ter presente:
             - o que a petroquímica já consegue e deixa entrever como resultados retumbantes para o nosso futuro;
             - o que os computadores estão obtendo e as perspectivas que nos abrem. Símbolo destas possibilidades é a NASA levando homem e mulher para novos mundos, através das viagens espaciais;
             - o que a medicina está creditando a serviço da vida, vencendo epidemias, endemias e pandemias, superando moléstias tidas como incuráveis, como o câncer, dando a impressão de viver a vigília de grandes descobertas;
                  - o que a bioquímica obtém na agricultura e o que se anuncia em consequência do domínio e das pesquisas do fundo do mar;
             - o que já são os transportes e os meios de comunicação social, hoje, e o que se antevê, seguramente, para amanhã...
              Esta lista, facílima de ser completada pelos estudantes de nossas escolas, não seria uma demonstração irrefutável de vitória espetacular da educação ministrada aos nossos jovens?
              Faço questão de lembrar, como educador que fui, que na base da educação deve estar o respeito real à pessoa humana.
                 Neste aspecto, ouço muito discurso sobre "educação libertadora". 
                 E tenho ganas de perguntar: "educação libertadora" de quê?
               Perguntando, tomo a liberdade de eu mesmo propor uma resposta, amparado no que vi e vivi em trinta anos de magistério:
             "Educação libertadora":
          - do egoísmo, que leva ao orgulho e faz o homem ter a audácia de imaginar que pode prescindir de Deus ou tomar-lhe, simplesmente, o lugar;
            - do egoísmo, que fecha homem e mulher dentro de si mesmos, criando infelicidades, tensões,  separações e choques nos lares, nos sindicatos, nos clubes, nos partidos políticos, no próprio âmbito religioso;
            - do egoísmo, que está atingindo escala planetária e tornando quase impossível a solidariedade universal dos povos e a paz efetiva entre nações.
           Concluo esta minha parlenda, afirmando que na base da "educação libertadora" está o respeito real à pessoa humana, começando no seio da família: 
             - em cada um dos cônjuges,  que devem crescer simultaneamente e sempre; de cada filho, pois cada um é único, tem medida própria e traz mensagem singular, caso lhe seja dada a possibilidade de realizar-se como pessoa humana;
             - de todos os que detêm autoridade, para que saibam ordenar como quem serve, e de todos os que devem obedecer, para que obedeçam sem sombras de subserviência.
             Em poucas palavras, este é o conceito de "educação libertadora" que procurei viver nos meus trinta anos de magistério, e só poderão confirmar se de fato a vivi, aqueles milhares de alunos que me suportaram em sala de aula, e de quem me recordo com muito amor e saudade.

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