sexta-feira, 2 de outubro de 2015

A ANGÚSTIA DO HOMEM MODERNO



            Bloqueado pela soma das invenções técnicas e, posso dizer, por suas próprias criações, o homem de hoje, apesar das brechas que lhe consintam entrever perspectivas promissoras de realização grandiosa em todos os setores da vida moderna, se encontra emaranhado em aguda problemática, cuja solução se coloca em termos de sobrevivência ou não-sobrevivência.
            O homem de hoje, homem tragicamente em crise,  "o homem nu", título de livro famoso de Fernando Sabino, apela por uma "saída honrosa", que não lhe manche a dignidade de ser livre e responsável.
            Entretanto, forças inusitadas lhe pressionam a exigência de soluções efetivas e rápidas, por assim dizer "super-cerebralizadas", para esquemas negativos montados por ele mesmo.
            Parece-me que o homem moderno se criou problemas e perigos que clamam por riscos imprevistos e imprevisíveis. E tal situação se refaz tanto mais angustiante, quanto mais aguda se torna a realidade de ter o homem lançado à fogueira todos os esquemas de segurança que o passado lhe legou.
            Hoje, repito, o homem é "o homem nu" despojado de segurança, porque saboreou os frutos nocivos da árvore da ciência. No Antigo Testamento, Israel se agarrava ao "rochedo de salvação"; 
hoje, os cristãos da Nova Aliança puseram sua esperança na Cruz.
            E ao homem deste século, o que lhe resta?
            Que Fé, que Esperança, que Salvação? Que máquina, supermáquina ou possantes computadores conseguirão dissolver a angústia que lhe torna frustrante e vazia a existência?
            Charles Moeller, perito do Concílio Ecumênico Vaticano II, e um dos redatores da "Constituição Apostólica Gaudium et Spes" do mesmo Concílio, escreveu que a Igreja sabe perfeitamente que sua mensagem concorda com as aspirações mais íntimas do coração humano, quando lhe reivindica  a dignidade de sua vocação, restituindo-lhe a esperança de um destino mais algo, além das agruras desta vida.
            E esta mensagem da Igreja, dedicada a toda a humanidade, crente ou descrente, longe de  diminuir a liberdade e a dignidade do homem, derrama luz, vida e liberdade para o seu progresso terreno e espiritual.
            Nada além disto pode satisfazer o coração humano, a não ser que se tornem o sal de sua vida, estas palavras de Santo Agostinho, Doutor da Igreja:
            - "Fizestes-nos para Vós, Senhor, e o nosso coração permanece inquieto, enquanto em Vós não descansar."
                       
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