-"Venha a nós o Vosso Reino."
Reino de Deus: eis a mensagem de esperança e de alegria, proclamada por Jesus de Nazaré, nas Suas caminhadas pelas terras da Galiléia. É verdade que a palavra não fora muito usada no Antigo Testamento, e no entanto ela constitui a palavra-geradora da mensagem de Jesus.
Ela não designa um território, mas o poderio e a autoridade divina que agora se fazem valer neste mundo, transformando o velho em novo, o injusto em justo e o enfermo em são.
Jesus nunca explicou, em forma de definição, o conteúdo do Reino. Mas usa parábolas que não deixam dúvidas quanto ao seu sentido. - "É algo conhecido desde sempre e ao mesmo tempo escondido e apetecível" - ensina-me o meu mestre Frei Leonardo Boff, no seu belo livro que ele chamou de "a oração de libertação integral" - o "Pai Nosso".
É como um tesouro escondido no campo. Quem o encontra, vende tudo para comprar o campo, pois ele é como uma pérola preciosa para cuja aquisição vale a pena sacrificar tudo; é como uma semente pequenina e que cresce e se torna grande a ponto de nela os pássaros se aninharem. É uma força que tudo transforma.
A figura mais frequente é aquela da casa ou cidade de Deus, onde a gente senta para comer e beber. A gente é convidada à mesa pelo Senhor; a gente entra e pode ser lançada para fora, em certas circunstâncias. Há chaves para entrar. Os que aí vivem são os filhos do Reino, e para eles há muitas moradas.
A esta casa e a esta mesa todos são convidados, também os servos, os estropiados e os que estão à margem da vida. Virão do Ocidente e do Oriente, e também aí se assentarão, e os que forem justos brilharão como o sol no Reino de Seu Pai. Destas e de outras imagens se depreende que se trata de um sentido absoluto e pleno a que chegaram a Criação e os Homens.
Cumpre-nos reter estas três características principais do Reino anunciado por Jesus: ele é universal: abarca tudo; é libertação das dimensões infra-estruturais como a enfermidade, a pobreza, a morte; é reestruturação das relações entre os homens, agora sem ódios e em plena fraternidade; é nova relação para com Deus que é Pai de todos, filhos bem amados.
Não se pode reduzir o Reino de Deus a alguma dimensão deste mundo, mesmo àquela religiosa. Jesus entendeu como tentação diabólica toda tentativa de redução do Reino a algum segmento da realidade (político, religioso, miraculoso).
O Reino é estrutural: não só abarca tudo, bem como significa uma revolução total e estrutural: não modifica a realidade pela rama, vai até às raízes e liberta totalmente. É terminal: porque possui um caráter universal e estrutural, definindo a vontade última e terminal de Deus.
Este mundo, assim como o vivemos e sofremos, encontrará um fim: haverá um novo céu e uma nova terra onde habitará, finalmente, a justiça, a paz, a concórdia de todos os filhos na grande Casa do Pai de todos os pais.
O Reino de Deus já está em nosso meio, e fermenta toda a realidade em direção de sua plenitude: "a hora escatológica de Deus".
Neste contexto se entende a pedição do "Pai-Nosso": - "Venha a nós o Vosso Reino". Quando Deus tiver submetido a Si todas as dimensões da Criação, quando tiver levado tudo ao seu termo feliz, então o Reino se completará e seu nome será bendito pelos séculos dos séculos.
O Reino de Deus é uma alegria que se celebra no presente, mas, ao mesmo tempo, uma promessa que se realiza no futuro. É dom e é tarefa. É objeto de esperança. Ao rezarmos: -"Venha a nós o Vosso Reino", - rezamos para que em nós o Reino de Deus cresça, aumente e chegue ao termo feliz que aguardamos pela promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
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