Há gestos que despertam, que me levam a refletir, que me marcam, intensamente.
Há muito tempo atrás, longe de casa, estudando Teologia em São Paulo, - lembro-me muito bem até hoje - quando saí de madrugada, da casa amiga que me hospedava, estava ainda escuro, pois a energia elétrica fora suspensa, não sei o motivo. Guardo até hoje nos olhos a imagem da dona da casa, de braço erguido, segurando um candeeiro para iluminar o mais possível meus passos até a saída...
Gestos assim, no meu entender, valem como um programa de vida; erguer um candeeiro, afastar as trevas, difundir a luz, mostrar o caminho...
É, também, muito belo o gesto de acender um lampião, ou uma vela,.. O gesto de regar plantas é também muito expressivo. A propósito, acho importantíssimo difundir este gesto e lembrar aos amigos, de modo especial aos casados e aos noivos, que o amor é plantinha tenra que precisa ser regada diariamente!
Subir e descer! Dois gestos que ajudam tanto a pensar... Subir, sem entontecer, sem julgar-se maior que os outros, nem melhor do que ninguém... Descer, recordando a grande Descida, a vinda do Filho de Deus para tornar-se homem, nosso irmão...
Descer, de coração alegre e leve, para ficar mais perto dos pequenos, dos pobres, dos humildes.
Permita-me o benévolo e eventual leitor citar gestos que me parecem muito expressivos:
Despertar de manhã, abrir os olhos, vê-los encherem-se de luz - é o início de um novo dia, lembrança viva do início da Criação...
Adormecer, dormir, perder contato com a vida consciente, mergulhar no torpor: lembrança perfeita da morte, meditação oportuna sobre o grande sono do qual me despertarei apenas no grande dia da Ressurreição...
Para que gesto mais expressivo do que caminhar, coisa que faço diariamente, com sol ou com chuva? É meu ideal de vida: caminhar em busca da compreensão, caminhar na Fé, na Esperança, no Amor!
Outro gesto muito lindo: abraçar. É o inverso de separar. Abraçar é unir. E neste nosso mundo há tanto desencontro, tanta desunião: entre esposos, entre pais e filhos, entre vizinhos, entre patrões e operários, entre nações, entre mundos...
Ler: este é o meu vício... e não pretendo largá-lo. Mas ler não apenas as letras, sílabas, palavras e frases. Ler a Natureza criada por Deus. Saber entendê-la. Saber interpretá-la. Descobrir o Criador por detrás das criaturas.
E voar, coisa que fiz apenas uma vez na vida, suando frio a bordo de um avião? E me lembro que voar foi sempre um sonho para nós, humanos. Sonho hoje em festiva e grandiosa realização. Homem e mulher já não se contentam de voar de cidade a cidade, de país a país, de continente a continente: partiram para os planetas, através das aventuras espaciais...
Quando me ponho a refletir e descobrir o simbolismo de cada atitude e de cada gesto, descubro que o universo inteiro vira um grande Sacramento, no sentido de algo visível, de tangível, de audível, que me leva ao meu Criador e Pai de todos os pais...
Qual é o gesto que não tem uma quinta dimensão? Qual é o gesto que não é capaz de me levar além do espaço e do tempo, e de chegar até Deus, e mergulhar-me na Eternidade?...
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