Neste mês de novembro, entrante, temos um dia dedicado aos nossos mortos, aqueles que nos precederam na entrada da Casa de todos os pais. É o dia em que, de maneira toda especial, rezamos por eles, para que descansem em paz no Reino de Deus.
Rezamos pelos mortos. Está correta esta prática, é ela fundamentada na Palavra de Deus, como encontramos na Bíblia Sagrada.
"Há pecado que conduz à morte, e por esse não digo que orem." (1 Jo 5, 16). "... O salario do pecado é a morte." (Rm6,23. "...e há pecado que não é para a morte". (leve, venial) (IJo 5,17).
Pelos filhos e filhas de Deus, cujo pecado evidentemente , "...não é para morte", e pelos que morrem de coração contrito, se pode e se deve orar.
O livro dos Macabeus, no Antigo Testamento, ordena a oração pelos mortos, dizendo: -É um santo e salutar pensamento este de orar pelos mortos". (2Mc 12,42-45).
Cristo, por Sua vez, nos admoesta: "Reconcilia-te com teu adversário para não caíres na prisão, pois não sairás daí, enquanto não pagares o último ceitil" (Mt, 5,25-26). -"Mas o pecado contra o Espírito Santo não terá perdão nem aqui nem no outro mundo." (Mt 12,32). "Na verdade, eu vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê nAquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passará da morte para a vida". (jo 5, 24).
A caridade fraterna, mediante o Cordeiro de Deus, apagará realmente uma multidão de pecados (1Pd 4,8). São palavras que nos ensinam que as graças de Deus circulam em todo o corpo: -"Ora, vós sois o corpo de Cristo" (ICor 12,27). E porque circulam as graças no corpo místico de Cristo, os justos que morrem com o pecado que não é para a morte (IJo 5,17) ou que ainda não satisfizeram plenamente o estado do pecado já perdoado, são assim perdoados mediante Cristo.
Na verdade a Igreja triunfante no Céu, como também a Igreja peregrina na Terra, num só corpo auxiliam mediante o sangue do Cordeiro, na comunhão dos santos, uns aos outros, principalmente os que ainda necessitam satisfazer alguma purificação, conforme a doutrina católica, no assim dito Purgatório, biblicamente "prisão" ou "fogo purificador".
Purgatório, conforme a Bíblia Sagrada, é sinônimo de "prisão", ou de travessia de um " fogo" purificador. Não é punição nem castigo de Deus, mas uma exigência purificadora do próprio amor da criatura imperfeita diante do amor perfeito de Deus ( Is 33,14). É uma questão de justiça, "...esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça" (2Pd 3,13).
Pela graça de Deus, o Purgatório (que não é aceito pelos assim ditos protestantes) não é inferno em miniatura, mas um estado de aperfeiçoamento final, rumo ao Céu. Nele a pessoa se purifica do "...pecado que não é para a morte" (IJo 5-17), ou dos pecados "veniais", passando, então, definitivamente, para a feliz eternidade no Céu.
Lembro que na comemoração de nossos mortos, nos cemitérios, há desperdício e exagero no uso de velas, flores e coroas, que poderiam muito bem ser substituídas por esmolas ou doações a entidades de beneficência. Aqui, como em outros casos, o que é nocivo é o exagero, e não os símbolos e a comemoração como tais.
Que minha filha Raquel e meu filho Júlio, ambos sepultados no "Memorial da Saudade", em Curitiba, descansem na Paz do Senhor, à espera da feliz ressurreição dos mortos!
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