quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

FAZER TUDO BEM - SOMOS CO-CRIADORES COM DEUS



                                                            Dar o máximo
                                                            Trabalhar sempre com alma
                                                            E com toda a alma
                                                            Quer se trate
                                                            De conduzir até às estrelas
                                                            Uma nave espacial
                                                            Ou de fazer  
                                                            Uma simples ponta de lápis


        Fazer tudo bem: eis aqui um dos maiores louvores que o Evangelho faz de Cristo.

        E, à imitação de Cristo, não devo fazer nada mal feito, mal acabado. Sei bem que nenhum trabalho desonra e, muito mais, todo trabalho pode ser um louvor a Deus.
        Um dia, cá na minha rua neste bairro, o Tingui, em Curitiba, bem diante de minha casa, um gari da limpeza pública carregava um saco de lixo que tinha um cheiro insuportável.
        Esperei que ele jogasse o lixo no caminhão e quis apertar-lhe a mão. Ele não queria, de modo algum, que eu lhe pegasse na mão, dizendo-me que ela estava suja.
        E eu lhe disse, com absoluta sinceridade, que trabalho nenhum suja a mão humana. Suja a mão sim roubar, derramar sangue do próximo, pichar paredes, não trabalhar por falta de coragem e por malandragem... Sei bem que não trabalhar sem culpa, depois de procurar trabalho por toda parte, e ver todas as portas se fecharem à sua frente, isto não é desonra nenhuma: é terrível sofrimento!
        Certo dia, caminhando ali pela Rua XV, no centro rico de Curitiba, um molecote com uma caixa de engraxate às costas insistiu em engraxar meus sapatos, e eu, querendo ajudá-lo, deixei.
        Comoveu-me bastante contemplar o pequeno herói no seu trabalho. Ainda tão criança, na idade em que as crianças brincam e vão à escola, ali estava ele, no trabalho, ganhando, honestamente, o dinheirinho para a mãe enferma  -  me disse  -  de quem é arrimo. E como deixou brilhantes e quase novos os meus velhos sapatos!
        Por tudo isso, permita-me, benévolo leitor, que eu lhe diga: se depender de Você, não faça nada mal feito. Vai fazer uma ponta no seu lápis? Que ela não saia rombuda e feia...
        Seu trabalho é na cozinha? Por mais pobre que seja a família, cuide das panelas como certamente Maria, mãe de Jesus, fazia na casa de sua prima Isabel, grávida, quando ela a visitou.
        Não é só trabalho importante que deve ser feito com alma.
        No hospital, não basta que o médico seja fabuloso: toda a equipe tem quer eficiente - a telefonista tem estar alerta em seu posto; o pessoal da portaria tem que ser acolhedor e amigo; as enfermeiras e ajudantes de enfermagem, os serventes, a turma da limpeza, da cozinha, do almoxarifado. Todos e todas...
        Mais feliz seria esta minha Curitiba se cada um de nós desse conta de seu dever, sem jogar o trabalho em cima dos outros, sem desleixar, sem fazer cera, sem enrolar... Sem deixar-se corromper...
         Nosso Paraná tomaria jeito diferente, se cada um, em trabalho importante ou simples, compreendido ou incompreendido, bem remunerado ou mal-remunerado, cumprisse o dever com toda a alma.
         Erros, injustiças, a gente precisa reclamar na hora. Mas só tem força moral para reclamar, quem cumpre o dever para ninguém botar defeito.
         Só é invencível, sob todos os aspectos, quem se sabe e se sente dentro do plano de Deus, participando do trabalho sagrado de dominar a natureza e completar a Criação.
         É preciso lembrar sempre que Você e eu, todos nós, somos co-criadores com Deus.

                                                                     *************

O autor do texto é professor aposentado de Português e Francês, dentro do Quadro Próprio do Magistério do Paraná.
Licenciado em Letras e Bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC.
Tem dois livros publicados: "Capitu" e "Página Esparsas"

                                                                    **************
      













                                                            

Nenhum comentário:

Postar um comentário