terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A GRANDEZA DO ANTIGO TESTAMENTO



            A grandeza do Antigo Testamento, em nosso tempo, começou a se tornar cada vez mais evidente  em algumas das ótimas teologias do Antigo Testamento escritas por especialistas católicos e protestantes como Von Rad, Eichrot, Bittencourt, Thomaz Merton,  e muitos outros.
           Na verdade,  esses autores vieram nos lembrar que o Antigo Testamento é um universo de louvor, do qual homem e mulher constituem parte viva e essencial, lado a lado com os exércitos angélicos. Ora, o louvor é a mais segura manifestação da verdadeira vida.
           Neste sentido, a característica do "Xeol", a região dos mortos, é a ausência de louvor. Os salmos são, por seu lado, a mais pura expressão da essência do louvor na vida do Universo: Javé está presente a Seu povo quando os salmos são cantados com vigor triunfante (e não apenas murmurados e meditados individualmente na barba de cada um)...
           Permita-me o benévolo leitor trazer um fato presenciado por mim quando estudante de Teologia, em São Paulo. Na belíssima capela da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, reunimo-nos todos, Reitor, Mestre de Disciplina, Padres, Religiosos de várias ordens e congregações, e os seminaristas, para ouvir o então Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, que nos dava a honra de sua visita.
           Na Santa Missa celebrada por ele, justamente na festa da Ascensão do Senhor, a "Schola Cantorum" da Faculdade, à entrada do ilustre visitante no templo, entoou ao som do poderoso órgão de tubos o hino "Jubilate Deo omnis terra" (Cantai a Deus vossa alegria, terra inteira). E o "Jubilate" foi cantado com tanta empolgação, que pensei que íamos arrancar o teto da capela.
           Onde encontrar isso hoje em nossa liturgia? Será um verdadeiro grito de triunfo da liturgia, o triunfo  que experimentaremos quando a beleza divina e angélica se apoderar de todo o nosso ser, na alegria do louvor a Deus e a Cristo ressuscitado!
          Se o louvor a Deus é a mais segura manifestação da verdadeira vida cristã, ele possui também uma dimensão histórica. E aqui é importante lembrar  os pais da vida monástica no Catolicismo, sejam eles Pascásio Radberto, ou Odo de Cluny, ou ainda Pedro, o Venerável, sem percebermos que esse senso de arrebatamento no louvor nasceu nos mosteiros da Idade Média. No entanto, talvez, com o passar dos anos e dos séculos, isso se embotou, e acabamos ficando hoje com os hinos insossos cantados em nossos templos e igrejas.
          A beleza de Deus, celebrada no Antigo Testamento, é mais bem lembrada por homens e mulheres que atingem e percebem seus limites, sabendo que seu louvor não pode alcançar a Deus. É então que o longo e majestoso  "jubilate" deve outra vez entrar em cena, mesmo que seja no recesso de nossa alma.
          Então, o nosso louvor atingirá não só o coração de Deus, mas também o coração da própria Criação, encontrando, por toda parte, o belo da majestade de Javé, nosso Deus.
         A grandeza do Antigo Testamento, eu o creio profundamente estará, então, na descoberta que nele fizermos da necessidade do louvor a Deus, em todos os instantes de nossa vida de cristãos.
        
          

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