segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A FELICIDADE POSSÍVEL



            A experiência vivenciada no decorrer da vida mostra-me que existem diversas maneiras de ser feliz, e todo homem e toda mulher possuem (ou deveriam possuir) a capacidade de fazer de sua vida o que ela precisa ser para que ambos consigam uma dose razoável de felicidade.
        Por que é então que todos nós perseguimos a nós mesmos com exigências ilusórias e nunca satisfeitas, até nos conformarmos a qualquer padrão de felicidade que seria bom não só para nós, como também para toda gente?
            No meu caso: por que é que eu não consigo satisfazer-me com o dom pessoal de felicidade que Deus me ofereceu, gratuitamente, junto com o dom da vida?
           Por que é que estou sempre à procura de uma felicidade que seja antes de tudo aprovada pelas revistas, jornais, rádio e televisão?
            Talvez seja por eu não acreditar numa felicidade que me seria dada de graça. Talvez eu creia que não sou feliz com a minha eventual felicidade, porque ela ainda não me chegou atada a uma etiqueta de mercado, e com o preço já devidamente estipulado.
             Às vezes chego a pensar que me sinto um perfeito idiota por ficar à mercê de pessoas e empresas que me oferecem diariamente a felicidade a preços módicos, bastando-me apenas assinar uma folha de cheque, ou dar um telefonema...
             A última e melhor coisa desejada por esses mercadores da felicidade é que o cliente fique satisfeito. De nada eu serviria a esta nossa sociedade mercantilista, se eu não estivesse sempre no ato de agarrar essa pretensa felicidade que me é oferecida.
             Creio fiel e seguramente que Deus me dá a liberdade de construir minha própria vida dentro da situação social e familiar em que me encontro, que é o dom de Seu amor para comigo.
            Creio que sou perfeitamente capaz de encontrar a felicidade nesta vida que Deus providenciou para mim, e na qual posso andar, satisfeito e em paz, ajudado pela Sua graça.
             Acontece que, infelizmente, como pecador que sou, tenho necessidade de algo que julgo de importância vital para mim: preciso da aprovação de todos que me rodeiam. E esta necessidade de aprovação, não sendo bem administrada, pode destruir minha capacidade de felicidade.
             O problema crucial, para mim e para todos, é que esta aprovação tem de ser comprada  -  não uma vez, não dez ou vinte vezes, mas mil vezes por dia!...
             E como eu poderia ser feliz com uma felicidade que me foi dada gratuitamente por Deus, se ela não for antes sancionada  pelo Planalto, pela Veja, ou pela Rede Globo?
              Ó tempora! Ó mores!  -  exclamaria o velho tribuno Marco Túlio Cícero, apostrofando o bandoleiro Catilina em discursos nos gloriosos tempos da Roma antiga, e que eu deveria traduzir para o Português nas minhas aulas de Latim, sexta série ginasial, ministradas pelo meu saudoso professor Américo Caselato!... 

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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado do Quadro Própria do Magistério Paranaense, e aproveita o ensejo para manifestar apoio à greve dos Professores, classe nem sempre respeitada pela oligarquia de plantão.

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