quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
A VOZ DOS SINOS
Todos os dias, às 6,30 da manhã, sou despertado do sono pelo toque festivo dos sinos da Igreja de São Pedro e São Paulo, cá no bairro onde moro, convidando os fiéis católicos para a Missa das sete. É por isso que, ao ouvir os sinos,
"...eu gostaria de subir
à torre da Matriz
para estudar de perto
os sinos
e ver e descobrir
o que dá a cada um
aquele som inconfundível
e o que dá também
ao conjunto
a impressão harmoniosa
difícil de esquecer
Sei perfeitamente
- pois já subi por ela muitas vezes -
que a escada é íngreme
parecendo interminável
mas terei que subir
- sou sineiro das almas -
e de cada uma
e de todas -
gostaria de arrancar
os sons
mais agradáveis ao Senhor meu Deus"
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Sinos!
Vai ficando cada vez mais raro, cá em minha Curitiba, ouvir sino a bater.
Em cidades pequenas, como na minha saudosa e distante Barbosa Ferrar, o sino da matriz tocava o Ângelus às seis da manhã, ao meio-dia, às seis horas da tarde. E a gente parava tudo que fazia para saudar Nossa Senhora e agradecer o mistério da Encarnação do Senhor Jesus.
O sino tocava, também, durante as Missas solenes, na elevação da Hóstia consagrada e na elevação do Cálice.
Na minha cidadezinha do interior o sino tocava nos enterros, e até para avisar incêndio ou qualquer outra calamidade.
E eu me admirava perceber que cada sino - eram cinco - tinha um som inconfundível, e o melhor é que de fato o conjunto irradiava uma grande harmonia.
Sineiro das almas! dizia um vizinho ali por perto. E, hoje, eu tomo a liberdade de completar, dizendo que é feliz quem sabe obter de cada criatura o melhor som de que ela é capaz de produzir.
Cada um de nós tem suas harmonias secretas. Às vezes, há pessoas que dão a impressão de não terem nenhum som harmonioso a desprender. Há pessoas que ao saberem comparadas a sinos seriam as primeiras a responder:
- "Só se for sino rachado, porque nem sombra de harmonia existe em mim..."
E eu digo que pessoas assim me deveriam fazer meditar comigo mesmo: por que meus sinos interiores foram emudecidos? Será por causa desta nossa Curitiba apressada e sem tempo para ouvir o badalar os sinos que bimbalham na alma de sua gente?
É por isso que eu tomo a liberdade de completar:
- todos nós temos nossos sinos interiores...
- em horas de alegria eles repicam festivos e dobram, tristes, nas horas amargas de sofrimento, de dor.
E Você, meu benévolo leitor, há quanto tempo não pára um instante, para ouvir seus sinos interiores?
Eles desaprenderam repiques festivos? Ou, muito pior, eles deixaram de tocar?...
Saiba Você como são inconfundíveis nossas harmonias íntimas, nossos sinos interiores...
Portanto, não deixemos que emudeçam os sinos de nossa alma! É preciso que descubramos almas amigas cujos sinos interiores se somem uns aos outros, se completem, se harmonizem, cantando numa só voz louvores ao nosso Senhor e Pai de todos os pais!...
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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado do Quadro Próprio do Magistério Paranaense, e aproveita o ensejo para solidarizar-se com os professores estaduais em greve justa e ordeira na defesa de seus direitos, nem sempre respeitados pelos detentores do poder...
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