quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

SOMOS OU NÃO SOMOS PÁRA-RAIOS?!...



            Sentado cá na sacada de minha casa, contemplava uma tempestade rugindo lá longe, pelos lados de Colombo, e as descargas elétricas que se sucediam, com muitos raios e trovões.. Então me lembrei que apenas quando se ouve falar que caiu uma faísca, um raio, e derrubou uma árvores centenária ou até matou um homem, é que nós pensamos na utilidade de um pára-raios...
           Que descoberta maravilhosa para a humanidade! Mas o fato é que a gente quase sempre nem repara nos pára-raios. Eles estão lá em cima, nas torres, nos pontos mais altos dos edifícios, humildes, anônimos, sempre disponíveis para nos servir...
            Aí eu me descubro a pensar que existem criaturas humanas que são verdadeiros pára-raios... Mães de família que defendem os filhos do esposo, pai dos meninos... Se não houvesse o pára-raios materno, o pai de família, chegando meio embriagado em casa, faria ouvir não só trovões, mas haveria o risco de raios fulminantes, de faíscas, quem sabe, desastrosas...
        Há quem seja pára-raio no local de trabalho, junto ao chefe de seção, ou ao gerente, ou ao encarregado de serviço...
            Há quem seja pára-raio em qualquer lugar em que se acha: porque, infelizmente, mais da metade de nosso tempo se gasta em ajeitar situações, em pacificar ambientes, em recompor amizades perdidas, em reajustar amigos...
            É da essência do autêntico pára-raio ser leal com todos. Não é à custa de falsidade ou fingimento que as situações difíceis se recompõem... Claro que a criatura pára-raio, muitas vezes, sem chegar de modo algum a mentir, se vê na contingência de apresentar a porção de verdade capaz de ajudar o entendimento entre as parques em conflito...
           Por que não dizer toda a verdade?... Façamos uma experiência... Olhemos em volta... Vejamos se descobrimos, mesmo com vela acesa em plena luz do dia, mais de cinco ou seis pessoas que sejam capazes de escutar toda a verdade...
          Sei perfeitamente que é preciso muito amadurecimento interior, muita experiência bem vivida, bem aproveitada, para se ter condições de realmente conhecer toda a verdade à altura do que se ouviu!
       Aliás, não há pára-raios mais sensíveis e poderosos do que duas mãos postas, humildes e confiantes, erguidas em oração para o Céu!
           Quanto a mim, nos meus setenta e nove anos bem vividos - acho eu - creio no valor da oração. Porque creio que Deus existe, e que Ele é Pai. Creio que Ele escuta toda prece sincera, que não vem só dos lábios, mas que vem do mais íntimo de nosso íntimo...
          Não tenho a menor dúvida em afirmar que Deus jamais deixa sem resposta uma prece para valer... É verdade que nem sempre Ele dá exatamente o que é pedido, porque não vemos nada quanto ao futuro, não sabemos nada quanto ao amanhã...
           Mas Deus nosso Pai, quando não nos dá diretamente o que pedimos, dá mais e melhor. Quase sempre, na hora, eu não entendo, não aceito, às vezes me revolto e chego até a blasfemar... Vem-me a impressão de que Deus não existe, ou se existe, não me ouve, não me dá a menor confiança, criatura ignorante e insignificante que sou...
           Sei perfeitamente que Deus não precisa de advogados, de pára-raios... Mas os meus muitos anos de vida me permitem dizer que jamais tive a experiência de ver Deus falhar:
           - aprendi que quando Ele parece falhar, Ele já vem em caminho...
           - quando parece estar mudo ou quando parece faltar, sei que Ele escuta, acolhe. Nem sempre me dá o que Lhe peço, mas tenho a certeza de que Ele me dá mais e melhor...
           Pois sabe, infinitamente melhor do que eu, o que mais me convém ou de que mais eu preciso!...
              Louvado seja Deus!

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