domingo, 8 de fevereiro de 2015
O GRANDE SILÊNCIO
..silêncio das árvores
o agitar dos ramos
movidos pelo vento...
no silêncio das águas
ainda há
o marulho das vagas
ou o cantar da correnteza
atravessando as pedras...
no silêncio dos céus
ainda há
o palpitar das estrelas
Aprendo que não basta falar
para que eu atinja o silêncio...
enquanto os cuidados se agitam
ainda não penetrei
na área do grande silêncio
e aí
somente aí
se escuta voz de Deus
Ainda não consegui penetrar na área do grande silêncio - aí, somente aí, se escuta a voz de Deus! Será tão difícil assim penetrar na área do grande silêncio?...
Não basta ficar de boca fechada. Não basta não falar. Quantas vezes os maiores tumultos dentro de nós acontecem em horas de lábios cerrados?
Se é verdade que o preço para atingir a área do grande silêncio é conseguir que os cuidados, as preocupações, os problemas que nos agitam, não haverá o perigo de o grande silêncio só ser atingido pelos que se desligam dos problemas dos irmãos, que vêm como se não vissem, e ouvem como se não ouvissem?...
Que eu seja mais claro com a graça de Deus:
Uma coisa, creio eu, é ocupar-nos, e outra, preocupar-nos.
Preocupar-se é ocupar-se antes do tempo, afobar-se, perder a serenidade...
O fundador da Companhia de Jesus - os jesuítas - Santo Inácio de Loiola, nos deixou uma regra bastante séria - tentar tudo, como se tudo dependesse de nós... Depois, entregar-nos, de olhos fechados, nas mãos de Deus, como se dEle, e apenas dEle, dependesse a solução dos problemas...
E eu tomo a liberdade de reforçar:
Seria errado não tentar, não fazer esforço, não nos virar pelo avesso...
Seria erradíssimo, depois de tentar todas as alternativas, deixar-nos de entregar-nos nas mãos misericordiosas de Deus.
Meditando os salmos, lá encontramos: -"Derrama no Senhor os teus cuidados."
Sei muito bem que só tem direito de derramar seus cuidados no abismo de misericórdia que é o Coração de Cristo, quem faz o possível e até mesmo uma ponta do impossível...
Mas também, depois de ter tentado de tudo de nossa parte, reconhecer que é uma delícia fechar os olhos e mergulhar no escuro...
Quando as palavras somem, quando os cuidados adormecem, quando nos entregamos, de verdade, nas mãos do Senhor Jesus, o grande silêncio nos mergulha na paz, na confiança, na alegria de sermos filhos do Pai de todos os pais...
E então a voz salvífica de Deus se faz ouvir!
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Aroldo Teixeira de Almeida, bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo.
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