sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

UNIÃO DAS IGREJAS? UNIÃO, PRIMEIRO, EM MIM MESMO!



            Atualmente fala-se muito em ecumenismo, em união das igrejas cristãs.                                  
            - "Des hommes comme Saint Séraphim, Saint François d´Assise et bien d`autres, ont accompli dans leur vie l´union des Eglises."
            Essa profunda e simples declaração de um Bispo Ortodoxo, Eulógio, - que encontrei lendo um texto do monge cisterciense norte-americano, Thomas Merton,  -  deu aos monges de seu tempo a chave do ecumenismo e, na realidade, ele a dá a todos nós, na Igreja de hoje.
            E o que essa intuição tem a ver comigo?
            Muito simples: se eu não tiver em mim unidade, como poderei pensar e menos ainda falar em união entre cristãos? No entanto, parece-me evidente que, procurando a unidade para todos os cristãos, consigo também para mim mesmo, a unidade que almejo.
            Neste ponto, lembro de uma heresia muito insinuante  nesta época em que vivemos: a heresia do individualismo exacerbado, ao crer-se em uma unidade inteiramente auto-suficiente e afirmar essa "unidade" imaginária contra todos os demais.
            Quando  procuramos  afirmar essa unidade negando haver qualquer relação seja com quem for, rejeitando a todos no universo até chegar-se a nós mesmos, o que resta para ser afirmado? E eu concluo: mesmo se houvesse algo a ser afirmado, não nos restaria mais fôlego para afirmá-lo...
             O verdadeiro caminho, me parece, é justamente o contrário: quanto mais eu for capaz de afirmar os outros, dizer-lhes "sim"  em mim  e a mim mesmo neles, tanto mais real eu serei. Serei plenamente real se meu coração conseguir dizer "sim" a todos os meus irmãos humanos, tenham eles ou não tenham a mesma Fé que eu.
             Serei melhor católico, se puder afirmar a verdade que existe no Catolicismo e até ir além, não refutando todos os matizes que encontro, por exemplo, no Protestantismo.
              Assim também em relação ao espiritismo e, indo mais longe, aos hindus, aos budistas, etc. Isso, para mim, não significa sincretismo, indiferentismo, camaradagem vazia e despreocupada que tudo aceita sem refletir. Existe por aí muita coisa que eu não posso "afirmar" nem "aceitar". E, no entanto, é preciso em primeiro lugar dizer "sim" quando realmente isso é possível.
              Se eu me afirmo como Católico, e simplesmente negando tudo que é protestante, espírita, muçulmano, judeu, hindu, budista, etc., no fim descobrirei que, em mim mesmo, não resta muita coisa com que me possa afirmar como Católico; e certamente nenhum sopro do Espírito Santo com o qual possa fazer essa afirmação.
              Daí, a conclusão que me atinge profundamente:
              Só poderei falar de modo autêntico e verdadeiro de união entre os cristãos, se antes de tudo eu conseguir realizar essa união dentro de meu próprio ser como cristão.

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(nesta semana está fazendo quatro anos e meio do falecimento de minha filha Raquel, no Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba, reiterando minha súplica a Deus para que Ele a tenha na Sua paz).


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