Homem e mulher são feitos de tal modo que, não estando moral e espiritualmente preparados para irem ao encontro de Deus, nem o milagre mais extraordinário os convencerá. É preciso ser paciente. Não querer antecipar-se aos desígnios o Senhor. Ter Fé e Esperança. Nunca tentar interpretar os atos da providência divina.
Pode dizer-se que essa doutrina é conhecida, e não impede que o silêncio de Deus pese terrivelmente sobre nós, num tempo em que seria tão necessária uma pequena trégua, ao menos para haver tempo de tomar fôlego antes de reiniciar a marcha para a frente.
Certa família gastou uma pequena fortuna para enviar uma criança doente numa peregrinação a Aparecida do Norte, com a esperança de que a Virgem Maria lhe concedesse a cura. Todos rezam para que isso aconteça, pais, irmãos e irmãs, parentes e amigos, todos rezam nessa intenção. Mas a criança não se cura.
Todos nós, católicos, sabemos que o principal milagre de Aparecida, de Lourdes, e o de outros lugares de peregrinação religiosa, reside justamente no fato dos que não se curam voltarem resignados e mais amigos de Deus e de Sua Providência. Se o milagre não acontece, e muito menos converte o mundo, uma cura miraculosa transformaria a vida espiritual dos beneficiados. Mas porque se cura este, e não se cura aquele outro?
Mistério terrível, Pode-se, deve-se mesmo dizer que a fé daqueles que tudo sacrificaram para obter a cura de um filho, sem serem atendidos, é especialmente posta à prova por Deus. - "Pois se agradas a Deus, terás de ser submetido à tentação" - alerta-nos o livro de Tobias.
Aqueles cuja fé foi submetida a mais duras provas estão certamente mais perto de Deus, mais ativamente ocupados na redenção do mundo, do que os que apenas sofrem as dificuldades clássicas da vida, clamam "Senhor! Senhor," mas não entrarão talvez no Reino. Aquele que sofre e vê o seu sofrimento prolongar-se, entrevê um Deus que julga melhor ainda que a melhor coisa dele conhecida no mundo: um filho Seu. Esse está próximo de Cristo.
É uma doutrina profunda, mas difícil. É na passagem pascal da morte para a vida que se resolve o enigma do sofrimento humano e do silêncio de Deus.
A Fé e a Esperança do pobre, do homem e da mulher que sofrem, não perecerão, porque o Pobre, maior sofredor da História, foi um inocente, que de rico se fez pobre, a fim de nos saciar com Suas riquezas, Jesus de Nazaré.
O silêncio de Deus é a Sua mesma palavra; Sua ausência, a Sua presença. Porque a ausência de Deus, o Seu silêncio, é a Cruz, o instrumento de morte e de RESSURREIÇÃO, EM JESUS CRISTO.
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