A coisa me parece um tanto simplória, mas a verdade é que, nesta madrugada, tomado pela insônia, pus-me a matutar, com os três botões ainda inteiros de meu pijama, que todos nós cristãos
temos de tornar-nos judeus ou então deixar de ler a Bíblia.
Creio sinceramente que a Bíblia não pode ter sentido para quem não for "espiritualmente semita'. Esta a conclusão que tirei do meu esquisito sonho matutino.
O sentido espiritual do Antigo Testamento não é e não pode ser um simples esvaziar do seu conteúdo israelita. Muito pelo contrário! O Novo Testamento é a realização deste conteúdo espiritual, é a realização das promessas feitas a Abraão, a promessa na qual ele acreditou e para a qual viveu.
Portanto, o Cristianismo jamais será negação do judaísmo, mas sua afirmação. Aqueles que o consideram uma negação não o compreenderam.
Quem o vive e o pratica sincera e conscientemente participa de sua simplicidade, liberdade de espírito, atmosfera sadia da vida religiosa quotidiana.
Sei perfeitamente que o ar deste mundo que respiramos não é ar fresco. A solução não está simplesmente em sair de casa e andar pelas avenidas da cidade. O ar fresco de que necessitamos no dia-a-dia é o sopro puro do Espírito Santo, que nos chega como o vento, soprando onde quer.
Assim, pois, a janela de nossa alma deve estar aberta, ou deve poder ser aberta em qualquer direção a que sopra o Espírito. O erro capital está em trancarmos as portas e janelas, e deixarmos o Espírito Santo ao relento. Na verdade, a simples ação de trancar portas e janelas nessa intenção pode nos ser fatal.
A Sagrada Escritura nunca disse que o cristão não deveria sair de casa, ir para as praças, veranear, receber cartas dos amigos; nunca ter uma visita; nunca conversar com alguém; nunca receber notícias pelo jornal ou pela tv.
O de que se precisa é saber distinguir o inútil ou o prejudicial do útil e salutar e, em tudo,
saber glorificar a Deus.
E isto é o essencial na vida do cristão sincero e consciente de sua Fé.
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