Ali na calçada, bem defronte de minha casa, ergue-se, majestosa, uma tão grande e frondosa árvore, cujo tronco não é possível abarcar com as mãos. Pássaros constroem nos frondosos galhos os seus ninhos, e uma cadelinha preta, abandonada na rua pelos donos, costuma fazer sob ela a sua pousada. Ali também ela, solitária, faminta e com sede, a cadelinha tem alguns momentos felizes quando eu lhe levo uma pouca de ração e um potinho com água fresca...
Diante dessa velha e solitária árvore, eu me ponho sempre a meditar:
dar folhas tão suaves
e flores
tão alegres e tão belas?
A solidão não te prejudica?
A falta de amigos não te seca?
Ou vais dizer
que te bastas a ti mesma
e não precisas
de um amigo,
de um irmão
como eu desejo ser
para ti?
A explicação talvez esteja
em que é aparente
a tua solidão:
deitas fundas raízes na terra,
envolve-te o ar,
visitam-te os passarinhos,
dás sombra aos transeuntes
contemplas o grande céu
e sentes,
a cada instante,
sobre ti
o olhar de Deus
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Você reparou? A árvore parece solitária, abandonada. Pura Ilusão! Deita raízes profundas na terra; respira o ar puro das alturas; é visitada pelos passarinhos; recebe visitas numerosas de transeuntes que vêm descansar à sua sombra; contempla o céu; recebe constantemente as bênçãos de Deus, criador e mantenedor de todos os seres...
Acontece exatamente o mesmo - e mais ainda - com as pessoas que se sentem sós... E por que não comigo?!... A mesma terra que carrega milhões de criaturas, as carrega também. Elas, as frondosas árvores, respiram o mesmo ar respirado pela humanidade inteira, e contemplam a mesma luz que traz alegria a recantos numerosos da Terra.
Mas, acima de tudo, as envolve o mesmo Deus, dentro de Quem as criaturas humanas nos movemos e existimos...
Por que volta, tão insistente, tão teimosa a tantas criaturas a impressão de estarem sós?...
- Pai do Céu, que moras conosco, dentro de nossa alma, não fiques tão apagado, tão silencioso!... Não permitas a impressão de solidão e de abandono que o teu próprio Filho Divino sentiu na cruz, ao exclamar:
- "Meu Pai, meu Pai, por que me abandonaste?"
E eu também me ponho a rezar:
- "Filho de Deus, que te tornaste meu irmão, que te encarnaste tomando corpo humano e alma humana, experimentaste todos os sentimentos humanos: a alegria, mas também a tristeza; força, coragem, mas também pavor diante do sofrimento e da morte que se aproximava; a segurança absoluta de ser sempre atendido pelo Pai e a compreensão misteriosa e esmagadora de clamar pelo Pai sem ser ouvido: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" E meu coração se põe a rezar: "Cristo, sê o alento, a coragem, a companhia para todos os que sentem a solidão..."
" Espírito de Deus: assim como a luz absorve a sombra, que a Tua presença divina faça desaparecer, faça sumir a impressão tremenda de quem se sente abandonado e só!..."
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Esta é, em poucas palavras, a estória da solitária e majestosa árvore, que dá sombra à minha morada e que, na sua aparente solidão, me lembra sempre que não devo isolar-me no meu egoísmo, mas abrir-me sempre para o amor a Deus e para as necessidades de meu próximo.
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Esta é, em poucas palavras, a estória da solitária e majestosa árvore, que dá sombra à minha morada e que, na sua aparente solidão, me lembra sempre que não devo isolar-me no meu egoísmo, mas abrir-me sempre para o amor a Deus e para as necessidades de meu próximo.
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