terça-feira, 7 de junho de 2016

QUEM PENSA NÃO CASA...



            Sempre achei este provérbio um tanto quanto imbecil, mas há muita gente que gosta de citá-lo, e como há gente para todos os gostos, dou a mão à palmatória e boto o danado do provérbio como título do blog de hoje, e cada qual se divirta como lhe aprouver...
            - "Quem pensa não casa". Pois é, o fato é que não pensei, e por isso estou casado até hoje, já lá vão mais de cinquenta anos!!!
            Muita gente costuma ver nesse provérbio um encorajamento para se ficar, durante a vida inteira, fechado numa prudência burguesa. "Pensar", nesse caso, quer dizer: calcular despesas, prever doenças, avaliar a liberdade perdida em confronto com os novos encargos contraídos.
            Quem pensar assim com certeza não casará; resta-lhe a sabedoria negativa do provérbio para consolo próprio. Não casa, mas pensa. É livre e pensa; é uma espécie de livre pensador.
             Atrás desse sentido comodista, o provérbio encerra uma advertência e sugere que é melhor casar do que ficar pensando. Quando um sujeito - e falo principalmente de mim - nos caprichos da vida, encontra determinada moça que acha de seu feitio e que lhe corresponde, tem essa alternativa: escolher ou pensar. O escolher é precedido, evidentemente, já que somos seres racionais, de um certo tempo para pensar. É de toda prudência que se conviva com a moça, que se converse, que se observem umas tantas coisas antes de decidir a escolha, ou de cair no abismo...
              No meu caso particular, a tarefa nunca me pareceu fácil. A moça pretendida se escondia atrás de certas manobras que, no dizer de muitos estudiosos do assunto, lhe moram nas glândulas...
              O pretendente a marido pode estar certo de que ela mudará enormemente; não é assim como ela se ri agora, que ela vai rir depois de casada; não é disso que chora hoje, que mais tarde vá chorar. Seus gestos e modos serão diferentes, sua forma física, tão atraente hoje, se alterará, e sua própria voz, que tanto agrada hoje, será mais alta e mais dura no futuro cotidiano.
               Mas, num certo ponto do eventual namoro, é preciso decidir. Ou escolhe esta, deixando de lado todas as outras, e se entregará somente a esta, correndo todos os riscos, aguentando todas as consequências, jurando desde já, no seu coração apaixonado, aguentá-las pelo resto da vida, tendo confiança pelo pouco que sabe sobre ela, trocando generosamente o pouco pelo muito,  empenhando a vida inteira em cima de alguns meses que já passaram; ou então, é melhor não casar, e ficar pensando, pensando... E se pensa, não casa.
               Não é por nada não. É que não pode passar a vida inteira pensando. Sondando, sopesando, excogitando... Conheci diversos casos de amigos meus, cujos tristes namoros duraram mais de vinte anos... Por que isso?
               Porque o noivo pensava, pensava... E num caso desses, em vez de festa de núpcias, houve luto e cemitério... Porque o noivo morreu pensando!...
               Que a terra lhe seja leve!

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(Dedico este texto a todos quantos, nesta minha Curitiba, estão por aí, pensando... pensando... Caso ou não caso???).

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