Esta frase que serve de título ao meu texto de hoje, e lembrando-me também de meus filhos inesquecíveis, minha filha Raquel e meu filho Júlio, que flecharam o Céu buscando o Infinito, levou-me a meditar nesta manhã de sexta-feira e perguntar a mim mesmo: dentro da Fé que professo, se é possível uma visão positiva do fenômeno universal da morte. E a Fé que me anima responde-me que sim, porque dentro da vida humana há uma chance única na qual homem e mulher, pela primeira vez, nascem totalmente ou acabam de nascer, justamente na morte.
Esta resposta pode ser profundamente frustrante, pois a morte sempre foi entendida como o fim da vida. Ela é dolorosa e triste como um final de festa ou como o derradeiro e definitivo aceno de uma despedida.
A morte é, sim, o fim da vida. Ela marca a ruptura de um processo vital. Como que criando um corte entre o tempo presente e a eternidade. Mas ela, felizmente, cobre um aspecto apenas do ser humano: o biológico e o temporal. Homem e mulher constituem algo muito superior ao biológico, porque são mais do que um animal. São também superiores ao tempo, porque suspiram pela eternidade do amor e da vida.
Homem e mulher são pessoas, e mais que isso, interioridade. Para eles, a morte não é simplesmente um fim, mas um fim-plenitude, um fim alcançado, o lugar do verdadeiro e definitivo nascimento. Lembra-me a mulher grávida que, entre angústia, dor e esperança, segura o filhinho recém-nascido e murmura, agradecida: atingi, ó Deus, minha meta de mulher: sou mãe!
Este fim-plenitude alcançado pela morte só é encontrado por nós na Fé. É nesta Fé que encontramos a base para a Esperança de que nossa vida não se perde no vazio do nada. Esta nossa convicção se baseia em Deus. Neste Deus que Se revelou na ressurreição de Jesus de Nazaré, e que ressuscitará também a nós pelo Seu poder infinito.
E foi nesta Fé que meus filhos inesquecíveis, a Raquel e o Júlio, alcançaram, na morte, o seu nascimento definitivo, que é o Deus de Jesus Cristo e de todos nós, cristãos!
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