Se minha filha Raquel fosse ainda viva, estaria completando quarenta e sete anos de idade. Não podemos festejar seu aniversário natalício, apenas chorar, desconsolados, a sua ausência física dentre nós. A morte inexorável a levou para a Casa do Pai/Mãe de todos os pais e mães que ainda peregrinam pelos caminhos deste mundo.
Ela se separou fisicamente de nós, mas passou a viver mais intensamente do que nunca com sua filha Isabela, com seus irmãos Carlos e Aroldo Júnior, e com seus chorosos pais, após sua morte no Hospital Erasto Gaertner de Curitiba, vitimada por insidioso câncer.
Numa união misteriosa e singular no Espírito Santo, comunicada às coisas que deixou e aos acontecimentos do dia-a-dia que viveu conosco por tão curto tempo, a verdade é que ela partiu para a Casa do Pai de todos os pais na eternidade, mas continua a viver conosco pela dor sem remédio da saudade.
Sua morte faz com que a revivamos nos objetos em que tocou, nas vestes que deixou e que nós conservamos com carinho, na lembrança das palavras que com ela trocávamos, nos fatos alegres ou tristes que juntos vivemos, e agora até mesmo nos fatos que se seguiram à sua partida, e que nós lhe comunicamos na prece, e com ela conversamos como se estivesse ainda viva em nosso hoje solitário lar.
A morte, destino inexorável de todos os agora ainda viventes, a levou, mas a devolveu de novo a nós, banhada pela luz da eternidade e pela gloriosa certeza de sua ressurreição NA morte, que é a Fé que anima e conforta seus pais, seus irmãos e sua filha Isabela, e que nos mantém ainda vivos para que cultuemos sua memória.
Continuando viva entre nós, por essa humilde, invisível e misteriosa presença de cada dia, de cada hora, de cada momento, com que impregnamos de esperança a nossa saudade, como também a jubilosa alegria de que ela, na Casa do Pai, na eternidade, passou a velar por nós, agora na plenitude de sua vida com Deus.
Nesta certeza, nós a temos sempre a nosso lado, em nossa vida de cada dia, velando por sua filha Isabela, por seus irmãos, por seus chorosos pais.
Presença permanente nos trabalhos do dia-a-dia, no silêncio e na solidão das noites, enxugando-nos as lágrimas da saudade imorredoura.
Minha Filha Raquel, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente:
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na Terra, sempre triste.
Se lá no assento etéreo aonde subiste
lembrança desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que nestes olhos meus tu sempre viste.
E se vires que pode merecer-te
alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão logo daqui me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou!
Teu pai.
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