sexta-feira, 29 de agosto de 2014

REACENDER A FÉ, TAREFA DIVINA


             Quando morava  no interior do Paraná, mais precisamente na acolhedora cidade de Barbosa Ferraz, volta e meia tínhamos falta de energia elétrica, e então era necessário que acendêssemos velas. E acendê-las não era tarefa difícil. Mesmo que o pavio estivesse sumido, cortava-se um pouco da cera e o pavio ficava fácil de ser atingido. E se as janelas estivessem abertas e o vento soprasse, havia meios de proteger a frágil chamazinha...
             E hoje, refletindo sobre esse singelo pormenor, eu me ponho a imaginar como é difícil reacender a Fé que se apagou! Como nos sentimos pequenos, incapazes, inábeis! Somente a Graça Divina e a Misericórdia de Deus é que podem reacender a Fé que se perdeu!
             E se é difícil reacender a Fé, o mesmo se diga de reacender a Esperança em quem caiu na desesperança e desconfia de tudo e de todos!...
            Se é difícil reacender a Fé, não é menos difícil reacender o Amor, em quem está rolando desamor abaixo. Somente Deus é que nos permite ver a Fé retornar a criaturas retas, desejosas de crer.
            Nos meus tempos de Faculdade tive um amigo, queridíssimo, educado em colégios religiosos. Mas perdera completamente a Fé. Estávamos sempre juntos, no trabalho e no lazer. Devo dizer que não discuto religião. Quando esse meu amigo sem Fé me via dirigir-me a alguma igreja, me perguntava sempre o que eu ia dizer àquele Deus em Quem  depositava minha Fé.
            Eu então lhe resumia em poucas palavras como era o meu relacionamento com Deus na oração. Ele escutava, sempre com muito respeito. Não discutia nunca. Mas, também, dizia sempre que ainda não tinha Fé, e que isto não o incomodava.
            Certo dia,  após sofrer um acidente de trânsito, num leito de hospital, conversávamos, e ele teve um gesto de humildade que, tenho certeza, lhe valeu o dom da Fé... Disse-me com a maior sinceridade:
            - "Você é mais inteligente do que eu. Você foi sempre mais estudioso do que eu, e creio profundamente em sua sinceridade. Sei que Você acredita em Deus. Acredita que o Cristo se fez Homem para nos salvar."
            E me perguntou:
            - Vale Fé por tabela? Pessoalmente, não consigo ver a luz que ilumina sua vida. E não tenho também a Fé que Você tem. Vale eu embarcar na sua Fé?
            Era tão sincera a humildade com que falava, e eu sei e creio que Deus é incapaz de resistir aos humildes, que não vacilei em dizer-lhe:
            - "Vale, sim, a Fé por tabela. Embarque nesta Fé que Deus me deu. Vá à Igreja, converse com o sacerdote. Faça uma confissão. Receba a Eucaristia. E o Pai que está no Céu recompensará a sua sede de Fé,  a sua sinceridade, sua humildade. E a Fé acontecerá para Você."
            E de fato, dias depois na igreja, no momento em que ele, em confiança, confessou-se e  recebeu a Comunhão, me abraçou e disse:
            - "Cristo reacendeu minha Fé, e eu creio. Agora eu creio!"
            Benévolo leitor, que me dá a honra de visitar eu meu modesto blog: confesso-lhe que tenho muita vontade, muito desejo mesmo de passar pelo resto de minha vida e, em nome de Deus, sair reacendendo Fé, Esperança e Amor, no íntimo de todos aqueles e de todas aquelas que se imaginam sem Amor, sem Esperança e sem Fé! E sem Deus!...

                                                         ********************

Aroldo Teixeira de Almeida, professor aposentado do Quadro Próprio do Magistério paranaense, é bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.
           
 

         

      

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