Minha filha Raquel, que te partiste
tão cedo, desta vida descontente,
repousa lá no Céu, eternamente
e viva eu cá na Terra, sempre triste.
Se lá no assento etéreo aonde subiste
lembrança desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que nestes olhos meus tu sempre vista.
E se vires que pode merecer-te
alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão logo daqui me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou!
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SE EU PUDESSE...
Se eu pudesse
na hora mais dolorosa
do sepultamento de minha filha Raquel
quando a sua urna funerária
era colocada túmulo a dentro
eu faria
com que pairasse sobre os presentes
uma revoada de andorinhas
lembrando
a sua Ressurreição NA morte
como é a Fé
que me anima e me mantém vivo
até hoje...
Oh! como seria bom
se eu pudesse!...
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A HISTÓRIA DE RAQUEL
(Em memória de minha filha Raquel, falecida em 21 de agosto de 2010)
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel, lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que, com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - "Mais servira, se não fora
Para tão longo amor, tão curta a vida.
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Raquel, do hebraico "hael" (ovelha), na genealogia bíblica filha do arameu Labão. Raquel foi mãe de José, em cujo nascimento ela morreu. Foi sepultada no caminho entre Betel e Éfrata.
Raquel era filha de Labão, irmão de Rebeca, e pertencia à linhagem do patriarca Abraão. Conheceu Jacó à beira do poço da aldeia, e os dois se apaixonaram logo à primeira vista. Labão contratou Jacó para trabalhar durante sete anos com ele, em troca da mão de sua filha Raquel. Começou assim a história das doze tribos de Israel, o Povo de Deus.
O trecho de Gênesis mostra-nos Raquel como a mãe de José, o patriarca de uma grande tribo do Povo de Deus: - "Então Deus se lembrou de Raquel. Deus a atendeu, tornando-a fecunda. Ela concebeu e deu à luz um filho, e disse: -"Deus retirou a minha desonra." Ela deu ao filho o nome de José, pois disse: -"Que o Senhor me dê mais um filho."
A Bíblia narra com detalhes os nascimentos dos descendentes de Raquel e de sua irmã Lia. Elas são as grandes matriarcas de Israel. Infelizmente, não havia meios para Lia, a irmã mais velha e menos atraente, de segurar o amor de seu marido. Até o fim da vida, Raquel foi a predileta de Jacó.
Retornando ao tempo presente:
Assim como para o tão grande amor de sua filha Isabela, de seus irmãos Carlos e Aroldo Júnior, assim também foi tão curta a vida de Raquel, minha filha querida. Mas, como a Raquel bíblica, que deixou dois filhos que foram a esperança e os fundamentos do Povo de Israel, assim também minha falecida filha Raquel deixou uma filha, Isabela, que na sua radioso adolescência é a esperança e a alegria de seus velhos e sofridos avós.
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MEUS DOIS AMORES - (in memoriam)
Darcy minha irmã
- quarenta e quatro anos -
Raquel minha filha
- quarenta e três anos
ambas meus dois amores
ambas na mesma saudade
Darcy
numa mesa de cirurgia plástica
- procurando mais vida -
na vida encontrou a morte
Raquel
num leito de dores
no hospital a sofrer
lutava contra a morte
mas lutando contra a morte
na morte encontrou
a Vida Eterna
Unidas na lembrança e na saudade
Darcy e Raquel
meus dois amores
unidas na vida e na morte
unidas na mesma saudade
Quem procurava mais vida
na vida encontrou a morte
quem lutava contra a morte
na morte encontrou a Vida
Descansem na paz do Senhor
ambas meus dois amores
Darcy e Raquel
Junto ao Pai que as libertou
desta vida severina
descansem na paz do Senhor
no Pai de todas as vidas
Oh! que vida Severina!...
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SAUDADES DA RAQUEL
Neste 21 de agosto de 2014 estamos chorando o quarto ano de falecimento de minha filha Raquel.
A tristeza infindável que nos martiriza - a sua mãe e a seu pai - a ausência física da filha amada é paradoxalmente aliviada pela alegria e pela certeza absoluta de que ela, pela sua vida profundamente vivida, pela Caridade ardente que animava todo o seu relacionamento com as pessoas que a rodeavam, descansa hoje junto ao Pai de todas as vidas, junto ao Pai de todos os pais.
Com seu organismo debilitado por um câncer que lhe corroía coluna vertebral, pulmão e cérebro, ela esperava a morte. Mas transfigurada pela resignação, pelo acendrado amor a Deus, e pelo amor também de sua pequena família, que sofria juntamente com ela.
Permanece a dor da saudade no coração de sua filha Isabela, de seus pais, de seus irmãos, que dedicam à Raquel este singelo poema fruto da dor, abrandada, porém, pela certeza de que ela descansa em paz junto ao "Abbá" de Jesus de Nazaré, junto ao Pai de todas as vida:
Eu esperei a Morte como se espera o Bem Amado
ignorava como ela viria
nem como viria
mas eu a esperava
e não havia medo nessa expectativa
Havia somente ânsia e curiosidade
porque a Morte do cristão é bela
porque a morte do cristão é uma porta
que se abre para lugares desconhecidos
mas imaginados
como o Amor
que nos leva para um outro mundo
Como o amor
que nos promete uma outra vida
diferente da nossa
Eu esperei a Morte como se espera o Bem Amado
porque eu sei que em breve ela viria
e me receberia
em seus braços amigos
Seus lábios frios tocarão a minha face
e sob a sua carícia
eu adormeceria o sono da Eternidade
como nos braços do Bem Amado
Sei que este sono será
um ressurgimento
porque sei que a Morte É a Ressurreição
a Libertação
a Comunhão Total
com o Amor Total e Infinito
do Pai de todas as vidas
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