Minha família tem a ventura de possuir uma casa à beira mar, no Pontal do Paraná, e que é a grande alegria de minha neta adolescente, a Isabela... Pois parece mentira, mas devo confessar que nunca vi o mar! Minha mulher diz que é por causa de minha alergia à água... E eu acrescento: ela está terrivelmente muita próxima da verdade!
Como seria bom se eu também aprendesse com as ondas, como dizem estes meus pobres versos:
Aprendamos com as ondas
que recuam,
mas para voltar
sem cansaço
sem desistência
noite e dia
enquanto a Mão Divina
não der sinal
de ter sido atingida
a plenitude
das grandes águas vivas
Diz-me a Isabela que é impressionante como as ondas não se cansam. Vão recuando, recuando, mas de repente, voltam. teimam, insistem. E se há horas de maré vazia, há também horas de maré enchente, de maré cheia...
Como é grande verdade, que nós temos muita coisa que aprender com as ondas...
Nestas vésperas de entrar nos meus sofridos oitenta anos de idade, aprendi como é triste desanimar na primeira dificuldade. Tentei aprender inglês, ou vencer uma boa partida de xadrez, ou deixar de lado a preguiça, e fazer uma saudável caminhada pelo bairro toda manhã...
Quanto tempo perdido! O certo é que sempre desanimo na primeira dificuldade. Não me passa pela cabeça que, se não consigo de uma vez, tenho de repetir, dez, cem, mil vezes, se se fizer necessário.
Consola-me o fato de que, além de mim, há muitos maridos que juram de pés juntos que vão deixar de lado o vício do jogo, e tantas vez falhou. O filho mais velho parecia que ia tomar jeito e botar a bebida de lado, e chega em casa, uma noite, amparado por dois companheiros de botequim...
Li na Bíblia Sagrada que o Apóstolo Pedro perguntou a Cristo se era uma boa conta perdoar sete vezes... E Cristo comentou: Que sete vezes, Pedro! Perdoa setenta vezes,sete, o que, na linguagem do Mestre, queria dizer:
- "Pedro, cada vez que houver uma sombra de arrependimento e de boa vontade, perdoa sempre, sem medir, nem contar"...
Nosso povo, na sua sabedoria inata, costuma repetir que "papagaio velho não aprende a falar".
E isto serve de desculpa a muita gente que começa a aprender e logo desanima. Concordo que o papagaio velho não aprenda. Mas Gente séria, quando se decide, não há idade que atrapalhe.
Há quem se desculpe diante de faltas cometidas: "Eu sou assim. Minha natureza é esta. Quem me quiser, tem que ser assim; não vou mudar"...
Até onde estou querendo chegar? Muito simples: a provar que quem começa, recomeça e torna a recomeçar; quem não desanima, e teima, e insiste, e não desiste, essa pessoa acabará vencendo...
E é para provar esta verdade, que torno a repetir os versos que iniciaram este blog:
Aprende com as ondas
recua
mas para voltar
para insistir
sem cansaço
sem desistência
noite e dia
enquanto a Mão Divina
não der sinal
de ter sido atingida
a plenitude
das grandes águas vivas!
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(Na próxima semana faz cinco anos que minha inesquecível filha Raquel partiu prematuramente para a Casa do Pai de todos os pais, vitimada por insidioso câncer. Um momento de prece por ela com toda certeza trará ao prezado leitor a benevolência do nosso Deus! Que assim seja. Amém!
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