Tempos atrás, quando ainda estudante de Teologia na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, na Capital paulista, tive a imerecida honra de participar de um debate promovido pela "Rede Vida" com o então bispo de Porecatu (MG).
Propus então ao ilustre prelado duas questões que por essa época andavam perturbando meu espírito. .
Primeira: atendendo à exortação do saudoso Papa João XXIII para que se prestasse acurada atenção aos sinais dos tempos, estaria a Igreja disposta a dar uma guinada para a modernidade, concedendo o sacerdócio ministerial às mulheres?
Segunda: um fato real, de um jovem casal católico, apenas quatro anos de casados: ele, em viagem de negócios, teve um contato casual com uma mulher, e contraiu o vírus da Aids. A esposa, jovem, vinte e três anos, não aceitou abster-se de uma vida sexual sadia e segura, e exigiu do marido o uso do preservativo nas relações sexuais.
Aproveitei a ocasião do debate, e perguntei ao bispo se, diante desse caso concreto, a Igreja suspenderia o impedimento para um católico do uso de preservativos, tendo em vista a saúde da esposa e de eventuais filhos. A resposta do bispo foi curta e grossa, literalmente mandando-me calar a boca e respeitar o sagrado e infalível magistério eclesiástico.
Como é que ficaria, então, a situação da mulher no âmbito desse sagrado e infalível magistério eclesiástico? Uma interpretação diferenciada da situação de homem e de mulher dentro da Igreja teria perdido a sintonia com um dos mais belos avanços da humanidade.
Como é que ficaria, então, a situação da mulher no âmbito desse sagrado e infalível magistério eclesiástico? Uma interpretação diferenciada da situação de homem e de mulher dentro da Igreja teria perdido a sintonia com um dos mais belos avanços da humanidade.
Por um lado, colocar-se-ia a Igreja institucional muito atrás das atitudes vivas de Jesus de Nazaré em relação às mulheres. Por outro lado, se impediria o dinamismo da mais profunda e dogmática proclamação a esse respeito, feita pelo apóstolo Paulo na sua "Carta aos Gálatas" (3,28): - "Já não há mais judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus".
E termino meu texto com um pensamento do então arcebispo de Curitiba, comentando a visita de Jesus às irmãs Marta e Maria:
_ "Não terá chegada a hora de a Igreja romper, decidida e claramente, com certa discriminação que não deriva do Evangelho, mas de nossa cultura ainda tão impregnada de influências pagãs?"
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