sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O MAL IMENSO DO PECADO



            Semana passada, mais precisamente no sábado, fui à Missa vespertina, e notando o Padre Alceu no confessionário, sem alguém para atender, criei coragem e decidi-me a confessar os meus pecados, que não eram poucos, e alguns deles bastante graves, no meu exame de consciência.
             Li no "Catecismo da Igreja Católica" que o pecado é um mal imenso.  Só não o sinto "doer" com toda certeza por ter já perdido a sensibilidade religioso-espiritual, a agudeza da Fé dos meus tempos de seminarista, andando hoje por aí distraído pelas preocupações mundanas do dia-dia de aposentado, sem ter praticamente nada para fazer, além das minhas constantes leituras, meu passatempo predileto...
            É claro que, estudando o "Catecismo", aprendi que o pecado acarreta uma perturbação não só de ordem pessoal, mas também da ordem universal, estabelecida por Deus com infinito amor, infinita sabedoria. O pecado é uma destruição de bens imensos, quer se considere o pecador individualmente, quer a sociedade, a humanidade inteira. 
             A consciência cristã viva (digo "viva", porque ela anda muitas vezes adormecida ou morta) percebe, "sente" o pecado como transgressão, descaso, desobediência, desprezo efetivo do amor de Deus, uma quebra de amizade entre mim e Deus, uma deliberada ofensa contra Deus. Tenho plena consciência de que isso é grave demais para que eu possa avalia-la como natural: só a Graça divina me permitiria chegar mais perto dessa compreensão.
            Ora, se eu quero voltar para Deus, essa volta exige de mim uma purificação profunda, radical. Não porque Deus queira me ver sofrer para pagar os males que pratiquei, mas porque, para chegar ao amor total que é necessário para me apegar a Deus, até "me perder" nEle, como será no Céu, é também intrinsecamente necessário que eu seja purificado no "fogo" de Seu amor. O amor de Deus é purificador. Mas a purificação, que aprendi estudando a "Teologia Sistemática" de Pannenberg, inclui inevitavelmente que saia de mim a impureza, a maldade, o egoísmo, o apego às coisas que me separam do Amor. É um verdadeiro arrancar de raízes. E isso dói.
            Falta-me coragem para entregar-me assim ao Amor. Uma dia, se conseguir sair das "ilusões" dos sentidos, quando me sentir nu e descoberto diante de Deus e de mim mesmo, isto com toda certeza será um sofrimento ", mas amado. O "Purgatório", ensinou-me o "Catecismo da Igreja Católica",  é amor purificador, sem desespero, pelo contrário, cheio de esperança, em que o sofrimento é conhecido e visto como um momento de aproximação da Luz, do Bem Infinito, da Paz.
            Aí está o caminho. E não há outro. Até porque, num texto do Papa Paulo VI, encontrei que, sem essas penas purificadoras, homem e mulher facilmente perderiam a noção do enorme mal que faz o pecado.
            Se o perdão da culpa e da pena eterna, facilitada pelo Sacramento da Penitência, viesse acrescentado por uma facilitação bem grande do perdão de toda pena, certamente  eu deixaria de pensar que o pecado não teria tanta importância assim. Mas a gravidade das penas me fazem reconhecer a insanidade e a malícia  de meus pecados, bem como as deploráveis consequências que eles me acarretam.
            Não fosse a esperada e gratuita misericórdia de Deus, minha condenação eterna se tornaria inevitável!...

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