segunda-feira, 27 de março de 2017

A POLÍTICA, A POLITICALHA E O CRISTÃO



             Os profissionais da "coisa" já começaram (ou estão SEMPRE começando) a mover os pauzinhos para as próximas eleições que estão para vir. Num texto que publiquei tempos atrás, escrevi que as igrejas, tanto a Católica como as Evangélicas, não deveriam identificar-se com qualquer sistema político, econômico ou similar, pois isto não é competência das igrejas.
           No âmbito da Igreja Católica, que é aquela à qual pertenço, lembro que o Concílio Vaticano II, a seu tempo, proclamou solenemente a autonomia das realidades temporais terrestres, cuja incumbência pertence por direito ao Estado. Nestes termos, também o Estado não pode imiscuir-se no plano espiritual-religioso, que é campo exclusivo das Igrejas. O Estado não pode impor a religião aos seus súditos, mas isto sim, garantir a inteira liberdade de crença e a paz entre os praticantes das diversas religiões.
            O objetivo e a medida intrínseca da Política é a promoção de uma ordem justa na sociedade, em todos os seus setores. A Política é mais do que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos políticos, como quer que se queira  defini-los. O pensamento social não pretende conferir à Igreja poder sobre o Estado.  Ela deseja e deve simplesmente contribuir para a purificação do estamento político e prestar a própria ajuda para fazer que tudo quanto for justo possa, aqui e agora, ser reconhecido e realizado para o Bem Comum da sociedade.
            As Igrejas não podem nem devem tomar nas próprias mãos a batalha política para realizar uma sociedade mais justa e consentânea com o Bem Comum. Esta é uma tarefa do Estado. Mas também não podem ficar "em cima do muro", não podem nem devem ficar à margem quando se trata da luta pela justiça. Uma sociedade justa não pode ser obra das Igrejas; deve ser realizada pelo Estado, através de uma prática política autêntica, voltada para os legítimos interesses da sociedade.
            Na esfera política, o dever imediato de trabalhar por uma ordem justa na sociedade é próprio dos fiéis leigos, e não das Igrejas, como instituição. Os fiéis de qualquer Igreja, como cidadãos do Estado, são chamados a participar pessoalmente da vida pública.  Eles não podem abdicar da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, executiva e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o Bem Comum.
            A missão do fiel de qualquer Igreja, dentro das realidades terrestres, é configurar retamente a vida social,  respeitando a sua justa autonomia e cooperando, segundo sua competência e responsabilidade com os demais cidadãos. E sempre,  como pessoa religiosa, deve sentir-se animado pela Caridade Cristã, e sua vida pública deve ser vista como Caridade Social porque, homem e mulher, além da  Justiça,  têm e terão sempre necessidade do Amor.

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