quinta-feira, 30 de março de 2017

SUBLIME MISSÃO CRISTÃ: HUMANIZAR E IRMANAR


            Tenho plena convicção de que todos nós, humanos que somos, recebemos de Deus uma solene missão: humanizar e irmanar homem e mulher nos caminhos de peregrinos neste mundo. E esta é uma tarefa sobretudo do cristão, que confessa e professa que Deus Pai criou os homens e mulheres em Cristo e os tornou filhos seus em Seu Filho, Jesus, estabelecendo um novo modo de relacionamento na humanidade. Neste sentido, esta tarefa se estende desde o Papa, os bispos, sacerdotes, os fiéis cristãos,  até chegar à lavadeira Dona Joaquina, cá do meu bairro, o Tingui, em Curitiba.
            É claro que, para humanizar, é preciso, antes de tudo, sermos humanos, e para construir uma efetiva fraternidade é preciso que todos nós sejamos irmãos.
            Disto, os pobres nos dão uma grande lição de vida. Entre os pobres não falta o espírito de solidariedade, de partilha, de fraternidade, de simplicidade, de serena misericórdia. Na minha já longínqua infância na cidade de Caldas, sul de Minas Gerais, a extrema pobreza de meus pais não os impediu de viver a solidariedade com seus vizinhos tão pobres como eles, e partilhar, juntos, a fraternidade e a misericórdia, que são  os "sinais" que Jesus ensinou e que eles aprenderam na meditação diária da Bíblia Sagrada...
            Vivendo sempre com a Bíblia à mão, meus saudosos pais me deixaram a lição de que é questão de vida ou morte viver a proposta de Jesus, para uma vida dedicada à fidelidade ao Evangelho.
            Aprendi com eles que essa fidelidade depende em primeiro lugar da força do Espírito Santo, que nos fortalece e nos orienta como seguir, com segurança,  em meio a tantos caminhos tortuosos
que nos surgem à frente.
            E hoje, com os oitenta e um anos que me pesam no dia-a-dia da velhice, tenho a plena certeza de que o ensinar de Jesus - "misereor super turbas" - (tenho compaixão deste povo) - revelando-me assim o rosto misericordioso do Pai de todos os pais, principalmente ali onde acontece o exercício da misericórdia, que tem um lugar bem preciso: encontrar o ferido no caminho, aproximar-se do indefeso, defendê-lo contra os salteadores, descentrar-se para anunciar o Reino de Cristo,  enfrentar e assumir os riscos e perseguições do mundo da antimisericórdia, viver o gozo antecipado da Ressurreição e levar a Esperança da libertação a quem perdeu toda esperança.
            E fico pensando que,  se minha vida de cristão  passar a  reger-se pelo "princípio da misericórdia",  terá como centro de minha Fé "o Deus dos feridos no caminho",  porque aprendi com Monsenhor Roxo, meu professor nos tempos de estudante de Teologia, na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, na Capital paulista, que viver o seguimento de Jesus é tarefa não só para o cristão individualmente, mas para toda a comunidade cristã.
           Oxalá esta tarefa se concretize em toda a ecumene cristã, em prol da libertação também não só de indivíduos, mas de povos inteiros escravizados e vitimados pela injustiça.
            

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