sábado, 1 de outubro de 2011

ALVORADA DE ESPERANÇA

 
Há certa constatação de um fato que as estatísticas e a observação isenta confirmam: se quase não há mais cristandade (e essa palavra me provoca arrepios), em compensação há cristãos, e dos bons. Cristãos conscientes, escolhidos, que preparam o futuro sem estardalhaço, em segredo. Que os haja principalmente entre nossa juventude - estão aí as jornadas da juventude inauguradas pelo Papa João Paulo II para provarem o que digo - em cada um de nossos colégios, nos auditórios universitários, nas fábricas e no seio das famílias, levando uma vida de Fé infinitamente mais rigorosa do que a vivida no passado, é já uma alvorada de esperança e uma alegria. Reportagem recente na Gazeta do Povo, de Curitiba, sobre os encontros e pastorais de jovens em todas as instâncias religiosas, reflete também uma esperança e uma alegria.

Quanto mais no plano dos estamentos sociais, a apostasia das massas parece-nos planetária, tanto mais, no plano mais geral da vivência religiosa, a Fé se mantém vigorosa e firme. Graças lhe sejam dadas, porque verdadeiramente é um milagre, o milagre da Fé.

Em sequência à sensacional abertura de horizontes provocada pelo Concílio Vaticano II, explodiu na Igreja (e nas igrejas) um intenso movimento, um aggiornamento como nunca se viu antes: liturgia renovada, estudos bíblicos, Pais da Igreja, pastorais, arte sacra - tudo isso palpita, vive, se busca em todos os setores. Já se pôde ver nitidamente as linhas de força que comanda tal movimento de renovação eclesial. Uma vez lançado pelo Concílio, que foi a verdadeira e autêntica Reforma da Igreja, a velocidade cresceu e se tornou insopitável. Mau grado as aparências e a casmurrice dos céticos, a Fé progride em profundidade e vivência comunitária, confirmando a presença do Senhor Jesus e a inspiração constante de seu Espírito Santo.

Os livros, a televisão, o cinema, o rádio e até o teatro (e agora o fenômeno avassalador da informática), cada vez mais vão se interessando pelos problemas da Fé e da espiritualidade. Nos primórdios do cristianismo o Pentecostes não atingiu mais do que cento e vinte discípulos, revelam-nos os Atos dos Apóstolos, e contudo incendiou o mundo. É certo que pouco a pouco. Mas em profundidade e constância através do longo caminhar do tempo.

Tenho absoluta convicção de que um novo Pentecostes, derivado do primeiro, está sem dúvida nenhuma em ação no mundo. É com paciência, com perseverança e sólida determinação que as comunidades cristãs hão de ver um dia, não o triunfo visível da Igreja (e das igrejas), mas o seu crescimento em profundidade e autenticidade.

O desenrolar apocalíptico dos séculos ensinou-nos que - continuem ou cessem as guerras e o terrorismo fanático - é preciso que façamos tudo para que eles cessem - mas a Fé cristã continuará viva, porque, na visão de Georges Bernanos, "Tudo é Graça".

Sabemos perfeitamente que os caminhos do Senhor não são os nossos; mas estamos compreendendo melhor, pela mediação de Jesus de Nazaré, a verdadeira face de Deus, melhor que as nossas maiores felicidades humanas. Sua Graça nos revela um mundo de tal esplendor, que necessitamos de uma sacudidela em nossos hábitos confortáveis para conhecê-la como ela é; para saber que ela é Jesus Cristo!

Neste ponto, lembro-me dos que são pobres, materialmente, os indigentes de bens materiais; espiritualmente, os que são, como eu, pecadores. Sempre haverá pobres entre nós, já o prognosticou Jesus de Nazaré. Mas deveríamos não esquecer que esses pobres, eu como também os que me lêem, reclamam todos os nossos desvelos temporais e espirituais, porque a sua multidão inumerável constitui, entre nós, a presença de Jesus Cristo.

Lembro-me também daqueles jovens, com os quais partilhei trinta anos de magistério na pequena cidade de Barbosa Ferraz, interior do Paraná, quando tive a oportunidade de conhecer a intensa vida cristã da maioria deles. Hoje, são todos adultos, se bem que muito mais jovens do que eu, que já contornei o Cabo da Boa Esperança e vou, como o Vasco da Gama, dos "Lusíadas", enfrentar os rochedos e tempestades do Cabo das Tormentas...

Que esses cristãos que eu conheci e com os quais convivi, como também os que não conheço e que me dão a alegria de conviver comigo neste blog, saibam eles que a frase do escritor francês que admiro, Charles Péguy, permanece verdadeira: - "Nada se fará senão por intermédio das crianças", parafraseando outra frase ainda mais verdadeira: a pronunciada por Jesus de Nazaré.

De fato, e esta é também a minha convicção, a infância, a juventude é Deus, mais jovem, mais forte e atual do que o mais recente telejornal da televisão. Além disso, o que importa é a luz da Fé, porque não é nem homem nem mulher que salvam homem e mulher, e sim o próprio Deus, em Jesus Cristo!


Professor Aroldo - roldalmeida@hotmail.com

Bloqdomestre.blogspot.com/


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