domingo, 24 de novembro de 2013

REACENDER, TAREFA DIVINA!...


      Outro dia, minha esposa, minha neta e eu estivemos no cemitério "Memorial da Saudade", em São José dos Pinhais, onde estão sepultados meus dois filhos, a Raquel e o Júlio. No velário, tentei acender uma vela, que representasse a esperança da Ressurreição para meus dois filhos queridos, mas não consegui acendê-las. Ventava, e por mais que eu tentasse, não conseguia manter acesa a chama.
       Entretanto, é tão fácil acender velas! Mesmo que o pavio esteja sumido, corta-se um pouco a cera e o pavio fica fácil de ser atingido. Não importa que esteja ventando, há meios de proteger a chama procurada.
      Sem mais nem menos,  não sei o motivo, me veio o pensamento de como é difícil acender a Fé que se apagou! Como nos sentimos pequenos, incapazes, inábeis! Quando é que poderemos entender que só a Graça Divina, gratuita e eficaz, é que pode reacender a Fé que sumiu?...
     E se é difícil reacender a Fé, o mesmo se diga de reacender a Esperança em quem caiu na desesperança, e desconfia de tudo e de todos!...
   Se é difícil reacender a Fé, não é menos difícil reacender o Amor, em quem está rolando desamor abaixo.
   Deus, na Sua imensa misericórdia, tem-me permitido, nestes meus setenta e sete anos de vida, ver a Fé retornar a algumas criaturas retas, desejosas de crer.
   Lembro-me de um amigo e colega,  na Faculdade de Teologia, em São Paulo, que perdeu completamente a Fé, como me confessou certo dia. Estivemos juntos muitas vezes, pois ocupávamos o mesmo alojamento na Faculdade, mas jamais discutíamos religião. Quando esse meu amigo sem Fé me via dirigir-me a alguma cerimônia religiosa, me perguntava sempre o que eu ia rezar na igreja.
     Eu lhe resumia, com simplicidade, qual seria a minha prece. Ele escutava com respeito. Não discutia nunca. Mas também a Fé não lhe voltava.
     Um dia, ele adoeceu gravemente. Fui visitá-lo no Hospital, e ele mostrou um gesto de humildade que, tenho certeza, lhe valeu o dom da Fé, pela misericórdia de Deus.
       Disse-me então ele, com a maior sinceridade:
       - "Você é mais inteligente do que eu. Foi muito mais aplicado na Faculdade, do que eu. Creio  totalmente em sua sinceridade. Sei que Você acredita em Deus. Acredita que Jesus é Filho de Deus. Que Ele se fez homem para nos salvar."
        E perguntou-me:
       - "Vale Fé por tabela? Pessoalmente, sou uma pessoa sem Fé. Não tenho essa felicidade. Vale eu embarcar de contrabando na sua Fé?...
       Era tão sincera a humildade com que falava, - e eu sei que Deus é incapaz de resistir aos humildes, - que não vacilei em dizer a ele:
       - "Vale a Fé por tabela, sim. Nem que seja por contrabando. Embarque na Fé que Deus me concedeu. Faça uma confissão sincera ao sacerdote. Receba a Comunhão. E o Pai de todos os pais recompensará sua sede de Fé, sua sinceridade e humildade. Com toda certeza a Fé lhe virá."
        E de fato, no domingo seguinte à nossa conversa, no instante exato em que ele, em confiança, na Santa Missa, recebeu a Comunhão, me abraçou e disse, comovido:
        - "O Cristo Eucarístico reacendeu minha Fé, e eu creio. Agora eu creio!"
        Meu prezado leitor, que agora me lê: não sou padre, nem pastor, nem missionário. Sou um simples leigo pecador, mas que vontade, que desejo, que sede eu tenho de passar o resto de minha vida e, em nome de Deus, sair por aí  reacendendo Fé, Esperança e Amor, no íntimo de todos aqueles e todas aquelas que se imaginam sem Amor, sem Esperança, e sem Fé!... Esta Fé que Deus, em Sua misericórdia, me concedeu já a partir do meu Batismo, nos longínquos dias de Caldas, no Estado de Minas Gerais!


        

      
  

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