sexta-feira, 19 de setembro de 2014

"...e por falar em Poesia"



        Visitando livrarias ali na XV de Novembro, acabei comprando uma antologia de poetas brasileiros, das várias "escolas" estudadas pela Literatura.
         E estes poetas brasileiros abriram-me todo um mundo novo. Antes de mais nada, acho que o Português é uma língua estupenda para a Poesia. É uma língua de admiração, de inocência, de alegria, cheia de calor humano e, portanto, de indiscutível humor, no bom sentido da palavra...
         O humor, que me parece inseparável do amor, se diverte e se ri da singularidade de cada ser individual, não porque este é um cômico ou desprezível, mas porque é singular, único. A singularidade, o ser inocente me surpreende sempre, e a surpresa, neste plano humano, é tanto humorística quanto  admirável.
        Lendo e relendo os poetas brasileiros, eu os julgo diferentes dos outros poetas latino-americanos. Sua índole mansa, seu amor franciscano pela vida, seu respeito por todos os seres vivos só esteve plenamente reproduzido, tanto que eu saiba, em Carrera Andrade, do Equador, e Ernesto Cardenal, que sofreu as agruras do exílio, na Nicarágua porque, líder intelectual dos "sandinistas" que lutavam contra a ditadura, foi perseguido implacavelmente por Somoza.
        Na realidade, não há, nos poetas brasileiros, nada de duro, de amargo, de artificial, nem atitudes doutorais e doutrinadoras, coisas que se encontram em tantos poetas hispano-americanos, por mais admiráveis que sejam.s
        Que diferença entre Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Vinicius de Moraes, cujo amor é pelos humanos, em contraposição a alguns dos poetas marxistas escrevendo em espanhol, e cujo amor é por uma causa.
         Com rapidez descobrimos, sob a superfície dessa dedicação às causas, a profunda corrente de ódio pelos homens a profunda corrente de ódio pelos homens, anunciada pela falaz exaltação em que cada série de interpretação termina com um abraço entre o seleto grupo de partidários: - "MAS NÓS, irmãos, ergueremos nossas cabeças e marcharemos para o futuro."
          No entanto, intuímos nessa marcha para o futuro a certeza de que este, nas suas mãos, será feito em pedaços com um grosseiro machado sem corte.
          Mas o inevitável é que tem de haver essa amargura. É inevitável. Tanto Alfonso Reyes como Neruda me comovem. Ambos são profundamente humanos. E Neruda permanece humano apesar da indescritível banalidade e pomposidade dos seus poemas posteriores - linha do Partido...
           Volto aos meus conterrâneos, brasileiros.
           Considero Jorge de Lima um poeta que me entusiasma profundamente, um místico de visão tanto cósmica quanto cristã.
           O mesmo humor paradisíaco que encontro nele. É como um "jogo" cheio de atrativos vê-lo contemplar o universo - basta ver o capítulo oitavo do livro dos "Provérbios".
       

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