Cá na paróquia de meu bairro, em Curitiba, nos domingos há a tradicional "Missa dos Jovens", e a Igreja parece explodir quando aqueles jovens de todas as idades se põem a louvar a Deus com cânticos e orações em altas vozes. É um espetáculos emocionante, e eu pareço ser arrebatado às alturas com esse entusiasmo e fervor juvenil.
E eles costumam, a uma só voz, cantar:
"Fica sempre um pouco de perfume
nas mãos que oferecem rosas,
nas mãos que sabem ser generosas.
Dar um pouco do que se tem
a quem tem menos ainda
enriquece o doador,
faz sua alma ainda mais bela.
Dar ao próximo alegria
parece coisa tão singela;
aos olhos de Deus, porém,
é das artes a mais bela..."
Basta reparar: quando o canto atinge seu auge, a impressão poderia ser que fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem tem rosas em forma de cânticos para oferecer ao Senhor: a certeza de que nas mãos de quem sabe e pode ter generosidade Deus derramará Sua Graça em abundância, prenúncio da Glória a nós reservada no Reino dos céus.
E eu, nessas ocasiões, me ponho a refletir: a quem do pouco de que dispõe, ajuda a quem tem menos ainda, Deus providenciará para que nada falte também em sua vida...
O fato é que a pobreza, em geral, torna os Pobres egoístas. É a luta pela vida, pela sobrevivência. Podendo afastar, afastam; podendo empurrar, empurram, na esperança de, com menos concorrentes, poder ter um pouquinho mais... É triste ver como, em geral, os Pobres se devoram entre si.
Entretanto, é preciso lembrar, sempre, que há Pobres capazes de acudir, felizes, a quem precisa ainda mais do que eles...
A canção dos jovens, lá da minha paróquia, diz que "dar um pouco do que se tem a quem tem menos ainda, enriquece o doador e faz sua alma ainda mais bela..."
O cântico, para mim, termina de modo surpreendente. Passa a falar em uma ajuda especial: a de dar ao próximo alegria. Algo que, à primeira vista, parece tão simples, tão sem valor, tão sem importância dar ao próximo um pouco de alegria... No entanto, os jovens cantam que dar aos outros alegria é a mais bela das artes...
Exagero? É mesmo tão importante e difícil assim dar aos outros alegria?
Chega a ser arte? E é belo alegrar o próximo? Fazer com que surja uma réstia de azul no céu cinzento, cor de chumbo, que acabrunha um irmão, será mesmo "das artes a mais bela"?
Que pensarão a respeito os moços que, com suas guitarras elétricas e suas vozes quentes e jovens, enchem a Casa de Deus, na minha paróquia, cantando:
Dar ao próximo alegria,
Fazer coisa tão singela;
Aos olhos de Deus, porém,
É das artes a mais bela...
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O autor é professor aposentado do Quadro Próprio do Magistério Paranaense e bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC paulista.
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O autor é professor aposentado do Quadro Próprio do Magistério Paranaense e bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC paulista.
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