sábado, 11 de abril de 2015

A PROPÓSITO DE 'RELIGIÃO'



                  Sendo a Religião princípio e fonte da mais profunda liberdade, todos os sistemas totalitários, de modo aberto e implícito, forçosamente A atacam. Ao mesmo tempo, a situação é muito complexa, pois os que atacam a Religião raramente o fazem a não ser em nome dos mesmos valores que a própria Religião protege.
                  Todos os ataques  a crenças religiosas devem ser, em certa medida, considerados como juízos parciais pronunciados pela História sobre a Religião organizada.
                   A mínima falta em relação à fidelidade, à liberdade interior, à integridade, à verdade, provoca, instantaneamente, a crítica e o ataque dos que querem destruir a Religião, provando não ser ela e nunca ter sido  o que pretende ser.
                   O culto do Absoluto é atacado em nome do absoluto. A verdade é destruída em nome da verdade. Mas o fato de que esses ataques à Religião geralmente se baseiam na incompreensão  --  porque lhes falta a compaixão, e esta lhes falta não por conhecerem o homem  -  significa que mesmo a mais sincera crítica à Religião sempre contém alguma cegueira culpável.
                   Não digo isto lançando a culpa sobre pessoas que, ao atacar a Religião, foram talvez mais íntegras do que eu tinha sido em praticá-la. Entretanto, o essencial é compreender que o princípio básico de toda liberdade espiritual é o seguinte: toda liberdade em relação ao que é inferior ao homem e mulher  significa, em primeiro lugar, submissão àquilo que é mais do que o homem e a mulher.
                   E essa liberdade começa com o reconhecimento de nossa própria limitação.
                   Assim, atacar a Religião porque seres humanos têm limitações humanas e procuram ser libertados delas, é uma espécie de farisaísmo. Mas esse farisaísmo é, por sua vez, devido, possivelmente, em grande parte, ao farisaísmo de pessoas religiosas que, uma vez abraçado um ideal espiritual como digno de crença e de admiração, começam logo a falar e agir como se já o tivessem atingido de fato.
                   O melhor não é o ideal. Onde aquilo que é teoricamente melhor é imposto a todos como norma, não há mais lugar nem mesmo para ser bom.  O melhor, imposto como norma, torna-se verdadeiramente um mal. 

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       Aroldo Teixeira de Almeida é bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.
   

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