quinta-feira, 2 de abril de 2015

Quinta-feira Santa := A DESPEDIDA DE JESUS



            O evangelista João, no capítulo 17 de seu Evangelho, transmite-nos  a mensagem de despedida de Jesus, na Sua última ceia junto aos Apóstolos.
            Podemos considerar neste discurso de despedida diversos temas, que formam uma unidade temática possível de ser resumida  nos seguintes temas:
            17,1-5 : oração pela glorificação de Jesus,
            17, 6-19 : oração pelos discípulos,
            17, 20-23: oração pela unidade dos cristãos,
            17, 24-26: oração pela consumação, na eternidade, da comunidade de salvação.

             Resumidamente:

              I  - "Chegou a hora":
             A "hora" é o agora e o hoje, dispostos nos eternos desígnios de Deus, que neste instante da história terrena se acha "aqui presente".
             É a hora em que o poder do mal e do mundo passou, porque chegou a hora de Jesus. A gravidade e importância desta "hora" não residem no que acontece com Cristo,  mas no que se opera por Cristo.
             II - "Glorifica o Teu Filho, para que o Teu Filho Te glorifique."
             Esta glorificação do Pai realiza-a Cristo continuadamente na Sua Igreja, sendo a celebração da Eucaristia a mais intensa forma  dessa perene ação de graças, por ser "anúncio"  da glória do Pai e não apenas comemoração retrospectiva da obra salvífica de Jesus.
            III - "...para que Te conheça a Ti, único verdadeiro Deus, e Aquele que enviaste, Jesus Cristo."
            Sem Cristo não há senão conhecimento genérico e vago de Deus. Só quem conhece a Cristo, conhece também o Pai, pelo Espírito Santo. -"Ninguém pode ir ao Pai senão por meio de mim."
            IV - "Glorifica-Me Tu, ó Pai, junto de Ti, com aquela glória que eu gozava junto de Ti antes que o mundo existisse."
            O evangelista fala da glória eterna do Filho, anterior à origem do mundo, com peculiar insistência, maturidade e segurança teológica.
            V - "Manifesta o Teu nome aos homens."   
             O nome, na concepção judaica, identifica-se com a pessoa e o ser de seu portador. Conhecer o nome equivale a colocar-se sob a proteção de quem o usa.
             A mensagem de Cristo faz conhecer aos homens a grandeza, a bondade e a misericórdia de Deus Pai.
             VI - "Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal."  
              Perseguições e tribulações serão os caminhos da Igreja, a qual, entretanto, tem uma grande consolação: a perene intercessão de Cristo a acompanhá-la e protegê-la, de modo a não prevalecer o mal, que seriam os inimigos de Cristo e da Igreja.
             VII - "Para que todos sejam uma só realidade, assim como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, a fim de que o mundo creia que Tu Me enviaste." 
              O Evangelista fala  de tríplice unidade: da unidade dos cristãos entre si, da unidade divina do Pai e do Filho, da unidade e do mais íntimo liame vital entre Deus e os fiéis.  Somente a unidade e o verdadeiro amor dos cristãos criam a atmosfera religiosa que facilita a fê em Jesus Cristo. A divisão dos cristãos é, portanto, o maior obstáculo à fé em Jesus e em Sua obra de salvação.
              VIII - " Quero que, onde Eu estiver ,  eles estejam também Comigo, para verem a Minha Glória."
             "Ver a glória de Cristo" é um daqueles dons escatológicos que, não obstante serem experimentados em plenitude somente no Céu, já podem  ser "prelibados"  cá na Terra.
               O grande desejo do Senhor é a unidade da comunidade de salvação da Nova Aliança.  Infelizmente, o escândalo da divisão entre os irmãos cristãos é uma realidade da história da Igreja.   


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                A "oração de despedida" ,  de Jesus, transborda de conhecimentos sobre a Santíssima Trindade, adquiridos na oração e na contemplação, sob a ação do Espírito Santo.

                Refere-se à revelação do nome do Pai, mas sobretudo ao amor e à glória que o eterno Filho possuía já  "antes da criação do mundo" (Jo 17,24).   
                O Pai ama o Filho não só por causa do ato de obediência  cumprido na obra da Redenção, mas "desde a Eternidade".   Simultaneamente atrai nossa atenção à comunhão de vida da Graça, na qual a comunidade dos remidos é admitida em Cristo, com Cristo e por Cristo. Assim seja.

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Aroldo Teixeira  de Almeida é bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.


                                                                                                                                                                                                                                                                         

           

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