Não sei se Você, benévolo leitor, já dedicou um espaço de seu valioso tempo para meditar sobre algo que sempre me impressionou: as nossas mãos, o mistério das mãos...
Elas se prestam a mil e uma ações, mas vou falar principalmente sobre as ações boas, recomendáveis.
Na verdade, nossas mãos se prestam a gestos e ações altamente construtivas, grandes e belas. E eu penso em mãos postas, acompanhando preces: e penso, de modo especial, nas mãos postas de minha querida neta adolescente, a Isabela, rezando pela sua mãe, Raquel, minha filha, há já algum tempo falecida, vitimada pelo insidioso câncer...
Mãozinhas de crianças que a jovem mãe junta, enquanto elas aprendem a rezar; mãos trêmulas de velhinhas, que pedem pelos filhos e netos ausentes...
Mãos de cirurgião, que salvam vidas, não raro com extrema habilidade... Basta lembrar a perícia com que cirurgiões hoje em dia manejam cérebros e corações...
Mãos calosas de trabalhadores braçais, quase sempre tão mal remuneradas por patrões insensíveis...
O computador tirou trabalho de muitas, mas ainda há datilógrafas que vencem, por minuto, um número incrível de batidas. Que eu respeite as mãos tão úteis dessas profissionais.
Mãos de músicos de bandas, que sempre me deliciaram, transportando-me para além do espaço e do tempo.
Mãos que semeiam... E aqui me lembro de meu velho pai, que até seu último ano de vida, batalhou em seu pequeno sítio, em São João da Boa Vista, São Paulo, para o sustento de seus três filhos, além de netos órfãos de pai e de mãe.
Mãos de pintores e de escritores: mãos de Machado de Assis, que criaram a inolvidável Capitu, que até hoje, embora eu já esteja carcomido pelo tempo implacável, ainda a considero minha namorada querida, inesquecível.
Mãos de artistas de todas as artes, que fazem tudo para não trair os sonhos de beleza que estavam no pensamento e no coração, tornando um pouco mais humano este nosso e velho mundo, ainda tão cheio de maldades.
Mãos de técnicos de rádio, TV, cinema, que me permitem viver, na hora, os grandes acontecimentos de qualquer parte do mundo; às vezes, até do mundo sideral, interplanetário.
Mãos que acariciam: mãos de mães, mãos de namorados, mãos de esposos... Mãos incansáveis e carinhosas de minha mulher!
Seria facílimo continuar. Mas é importante lembrar que vivemos num mundo carregado de maldades, que se fecham,egoístas e avaras. Há mãos que se crispam, cheias de ódio, chegando, por vezes, ao extremo do terrorismo, arrasando, ferindo, matando, sem distinguir crianças, idosos, inocentes...
Há mãos que batem a porta a quem precisava entrar, merecia entrar...
Há mãos preguiçosas, especialistas em jogar em cima dos outros as tarefas que lhes cabia fazer...
Há mãos que roubam de ricos e até de pobres. Há mãos que sequestram pessoas, que fazem reféns...
Há mãos que metralham, jogam bombas arrasadoras e, inclusive, bombas que queimam a criatura viva, ou ainda que são ameaça permanente de extermínio da vida na Terra.
E então é tempo para que rezemos:
Jesus, em Tua encarnação, em Tua Vida Mortal, usaste Tuas mãos de modo admirável. Elas passaram fazendo o bem nos caminhos da Palestina.
Portanto, Senhor Jesus, faze que minhas mãos estejam sempre mais a serviço do Bem, da Beleza! A serviço dos pobres, dos sofredores, dos desamparados!
Que minhas mãos, à imitação das Tuas, sejam mãos semeadoras de Tranquilidade, de Esperança, de Amor e de Paz! Amém.
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Aroldo Teixeira de Almeida é professor aposentado do Quadro Próprio do Magistério Paranaense.
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