- "Não tenho tempo..."
- "Estão me esperando..."
- "Preciso ir..."
- "Não disponho nem de um minuto..."
- "É verdade, sim. Não tenho mesmo tempo..."
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Pois é: a Bíblia Sagrada. no livro intitulado "Eclesiastes", estas afirmações são desmentidas peremptoriamente. E o faz com estas palavras, que merecem ser meditadas mesmo nas horas mais atarefadas no decorrer do dia:
- "Tudo tem seu tempo
há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu
tempo de nascer e tempo de morrer
tempo de plantar e tempo de colher o que plantou
tempo de matar e tempo de curar
tempo de destruir e tempo de construir
tempo de chorar e tempo de rir
tempo de lamentar e tempo de festejar
tempo de espalhar pedras e tempo de as ajuntar
tempo de abraçar e tempo de se afastar dos abraços
tempo de procurar e tempo de perder
tempo de guardar e tempo de jogar fora
tempo de rasgar e tempo de costurar
tempo de calar e tempo de falar
tempo do amor e tempo do ódio
tempo da guerra e tempo da paz..."
É verdade que permanecem os frutos de nosso trabalho, quando feito com precisão e eficiência. Não importa o tempo gasto. Só podemos avaliar como o tempo passa, se evapora, se tivermos a pachorra de ficar contemplando um relógio, no ponteiro de segundos...
- "O importante não é tentar o impossível de fazer o tempo parar. O importante é saber aproveitar o tempo, transformando-o em boa eternidade", - como tive a ventura de ouvir, muitíssimas vezes, do saudoso Dom Hélder Câmara, Arcebispo de Olinda e de Recife, nos meus tempos de estudante de Teologia, em São Paulo.
Quem diz que não tem tempo suficiente para pensar em Deus, nem abre um espaço de seu tempo para pensar no próximo; quem guarda avaramente o tempo só para si próprio, para sua própria satisfação, esse tal ainda não atingiu a plenitude de sua personalidade, e nunca terá a felicidade de ver como o tempo se multiplica no serviço desinteressado para com quem dele precisa.
A pessoa que anda com o tempo sobrando, que acha que não tem nada para fazer, já dá uma prova de que anda sem olhos para ver e sem ouvidos para ouvir.
Se visse e ouvisse, apareceria o que fazer. Não é, de modo algum, perda de tempo um papo amigo, ou uma diversão, ou um passeio que ajude e que nos ajude, que descanse e nos descanse...
O horrível é atender alguém, já dizendo que só dispõe de dois minutos, ou de cinco, ou de dez. Marcar o prazo, ficar olhando o relógio, sobretudo para os segundos, é um desastre sem remédio, para a prática da caridade, ou da manutenção de uma amizade sadia e benfazeja.
Sei perfeitamente que há pessoas que abusam, que tendem a tomar todo o meu tempo, quando eu já tenho outros compromissos. E mesmo que não os tivesse...
Graças a Deus e às lições de ética pessoal que aprendi nos tempos de estudante, creio que consegui organizar as grandes linhas de minha modesta vida, de meu tempo de aposentado e com pouca coisa para fazer, a não ser cuidar de minha neta adolescente, a Isabela, órfã de mãe.
Encontrar tempo para um encontro, mesmo rápido, mas profundo, com Deus. Com uma leitura frutuosa da Bíblia Sagrada. Ou recitar as belíssimas orações da "Liturgia das Horas". Salvar um pouco de tempo para reabastecer o espírito, através de um bom livro.
Do contrário, se me deixar pura e simplesmente ser devorado pelo esforço de nada fazer, (lembro-me de um trecho de uma carta do Apóstolo Paulo)... muito em breve não terei nada mais de oferecer de válido, com simplicidade e amor, para a minha própria vida de cada dia.
E me lembro mais de uma vez da advertência ouvida, há muito tempo passado, dos lábios de Dom Hélder Câmara, de saudosa memória:
- "O importante não é tentar o impossível de fazer o tempo parar. O importante é aproveitar o tempo, transformando-o em boa eternidade."
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Aroldo Teixeira de Almeida é bacharel em Teologia Sistemática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista.
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