Nunca fui a Paris e, pobretão, com setenta e nove anos de idade, definitivamente, nunca conhecerei Paris, a não ser através da pena dos grandes escritores franceses.
O que sei é que, falar da "Cristandade", no sentido de cultura cristã ocidental, é falar de um mundo do qual Paris foi a capital intelectual e espiritual. É falar da cultura herdada da Grécia de Platão e Aristóteles, e da Roma pagã, sequiosa do sangue generoso dos cristãos martirizados por sua Fé em Cristo Jesus.
Quando leio ou ouço falar de Paris, lembro-me dos místicos dominicanos da região do Reno, que conheci lendo o monge cisterciense americano Thomas Merton. Lembro-me muito bem de Santo Tomás de Aquino e dos onze volumes, "volumosos". de sua "Suma Teológica", que estão ali na minha estante de livros, sempre a convidar-me pelo menos a uma ligeira leitura...
Paris significa também o místico franciscano São Boaventura, que tenho necessidade urgente de ler e meditar, quando me bate a saudade dolorida de meus mortos queridos, a Raquel e o Júlio.
Paris significa o rei cavaleiro São Luís; significa Joana dArc, a guerreira que sempre amei, e de quem nunca perdi nenhum filme, no cinema ou na TV, desde os meus tempos de menino, já lá vão um mutirão de anos idos e vividos...
Significa Napoleão Bonaparte, no qual nunca me interessei, quando o via apresentado à minha classe do ginasial, nas aulas eloquentes do professor Caselato, mestre em Latim. Significa Pascal, de quem mais gosto, e que releio quase semanalmente.
Paris significa Léon Bloy com sua rudeza contra os católicos medíocres, e significa principalmente, Jacques Maritain e sua esposa Raíssa, cujas obras nunca ficaram escondidas na minha estante..
Dois nomes ainda, com relação a Paris, que devem ser mencionados - Paris no século XX significa Camus e Jean Paul Sartre. Sempre tive muita simpatia por Camus. Era alguém com quem meu coração de estudante de Teologia concordava. Sartre, leio, por vezes, mas com certa dificuldade. A frieza de seu pensamento nunca me estimulou a lê-lo com maior frequência.
Numa ligeira comparação entre os dois monstros sagrados da literatura francesa - Sartre e Camus - este último foi e permanece um profeta mais humano, mais humilde, mais quente. Apesar de que, tanto Sartre como Camus, sejam no meu entender inconcebíveis fora da tradição cristã, ainda que ambos a tenham rejeitado!
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Aroldo Teixeira de Almeida é bacharel em Teologia e Professor aposentado de Português e Francês do Quadro Próprio do Magistério Paranaense.
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