domingo, 28 de fevereiro de 2016

DEUS, O PAI DOS PERDIDOS



              Ementa:

             "A controvérsia teológica desde os primórdios do Cristianismo, na  análise deste modesto escrevinhador, gira sobre Deus: e Jesus não se reporta a nenhum novo Deus, mas ao Deus de Israel  -  entendido de maneira nova, a saber, como Pai dos perdidos, a quem Ele muito pessoalmente chama  de Abbá, meu Pai!"

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             (Que me perdoe o benévolo leitor, pois tenho que fazer um tanto quanto de Teologia...).
            a)  "Pai dos perdidos": Jesus, em todo o Seu agir e falar, se refere ao Deus de Israel, ao Deus dos patriarcas. Como seria, porém, este Deus na visão de Jesus?
            Toda a pregação e vida de Jesus colocam inevitavelmente a questão sobre Deus: como Ele é e como não é, o que Ele faz e o que não faz. Em última instância, é sobre o próprio Deus, único e verdadeiro, que deve versar toda a discussão.
            Os Evangelhos nos testificam que Jesus apela a um "Deus e Pai bastante singular" para justificar Seu falar e proceder escandalosos: um Deus estranho, perigoso até e, no fundo, impossível. Ou será que nós deveríamos aceitar o fato:
            - que o próprio Deus justifica as transgressões da Lei mosaica?
           - que o próprio Deus pouco se importa com a justiça da Lei e deixa Jesus proclamar uma "justiça melhor"?
            - que Ele próprio, portanto, permite seja questionada a organização legal vigente em Israel e, com isso, todo o  sistema social, inclusive o Templo, o sacerdócio e o culto divino?
            - que o próprio Deus fez do homem e da mulher a medida  de Seus mandamentos e, mesmo, revoga os limites naturais entre judeus e gentios, longínquos e próximos, amigos e inimigos, bons e maus, através do perdão, serviço, renúncia e amor; e dessa forma Se coloca ao lado dos fracos, doentes, paralíticos, leprosos,  não-privilegiados pelo poder político, oprimidos, e mesmo dos ímpios, imorais, gentios e ateus?
           Mas então este seria um novo Deus desconhecido em Israel: um Deus que Se liberta de Sua própria lei, um Deus não dos observantes da Lei mas dos transgressores da Lei, um Deus não dos tementes a Deus, mas dos gentios e ateus?! Uma verdadeira e inaudita revolução da compreensão do Deus do Templo e do povo de Israel?
            b) "Pai de Jesus": - Toda a mensagem de Jesus sobre o  reino e a vontade de Deus está orientada para Deus como "Pai". A este Pai Ele se dirige, de forma naturalmente direta, particularmente imediata e com escandalosa intimidade, como "Abbá", "meu Pai".
            Cumpre observar que esta proclamação e tratamento novos de Deus, como pai, lançam luz sobre Aquele que O anunciou e tratou dessa forma tão nova para a mentalidade judaica. E como já naquele tempo não se podia falar de Jesus sem falar desse Deus e Pai, assim foi difícil mais tarde, já no Cristianismo nascente, falar desse Pai sem falar de Seu filho feito homem, nascido de mulher, Jesus de Nazaré.
            É claro que a decisão da Fé, na Igreja que nascia, girou não em torno de determinados nomes e títulos, mas em torno deste "Jesus", quando se tratou do "único e verdadeiro Deus".
           Assim, o tratamento dado a Jesus serviu de paradigma para julgar como alguém se relacionava com Deus, como considerava Deus, qual era este Deus de sua adoração.
           Foi em nome e por força do único Deus de Israel que Jesus falou e agiu, em toda a duração de Sua vida pública nos caminhos da Palestina.
           E, finalmente, foi pela causa de Deus, Seu Pai, que Ele Se deixou ser torturado e morrer na cruz, coroando Sua obra com a glória da ressurreição!

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