Ementa:
"A Fé na ressurreição de Cristo não é um acréscimo, mas uma radicalização da Fé em Deus; da Fé no Deus criador e redentor, em Cristo Jesus".
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Como católico apostólico romano que sou, pela Graça de Deus, eu creio na ressurreição dos mortos, porque creio na ressurreição de Jesus. Sua ressurreição é a garantia segura também da minha, mas com um pormenor: ao contrário da doutrina tradicional, que coloca a ressurreição num pretenso final dos tempos, eu creio, com o teólogo que admiro, Leonardo Boff, que a ressurreição individual se dá no preciso momento da morte, nem antes nem depois.
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a) - "Radicalização da Fé em Deus": A fé na ressurreição não é um acréscimo à Fé em Deus, e sim uma Fé em Deus que não pára no meio do caminho, mas trilha o caminho consequentemente até o fim. Uma Fé em que homem e mulher, sem evidência estritamente racional, mas com confiança plenamente razoável, se fia nisto: o Deus do princípio é também o Deus do fim: assim como Ele é o criador do mundo e do homem e da mulher, também é deles o consumador.
b) - "Radicalização da Fé no Deus Criador": A Fé na ressurreição não deve ser interpretada apenas como interiorização existencial ou mudança social, mas como radicalização da Fé no Deus criador:
Ressurreição significa real vitória sobre a morte pelo Deus criador, a Quem a Fé tudo atribui, mesmo o fim último, mesmo o domínio sobre a morte. O fim que, na verdade, e eu o creio firmemente, é um começo.
Quem inicia seu "Credo" com a Fé em "Deus criador todo-poderoso" pode também terminá-lo tranquilamente com a Fé na "vida eterna". E porque Deus é o Alfa, é também o Ômega (como dizem os teólogos, o Começo e o Fim). Somente um ateu pode afirmar, com todas as letras, que com a morte tudo termina.
c) - "De pregador a objeto de pregação" : Segundo os testemunhos unânimes do Novo Testamento, é o próprio Jesus de Nazaré, experimentado e reconhecido como vivo, que faz entender por que Sua causa prosseguiu - o enigma da origem do Cristianismo:
- por que, após Sua morte, chegou-se ao tão expressivo movimento de Jesus; após o suposto fracasso de Jesus, chegou-se a um novo começo; após a fuga dos discípulos, chegou-se a uma comunidade de fiéis, que chamamos Igreja?
- por que este herege renegado e condenado por Deus, profeta da mentira, sedutor das massas e blasfemador foi proclamado, de maneira simplesmente temerária, Enviado de Deus, Cristo, Senhor, Salvador e Filho de Deus?
- por que a cruz, o patíbulo da ignomínia, pôde ser entendida como sinal de vitória?
- por que as primeiras testemunhas, baseadas numa suprema confiança, sem medo de serem desprezadas, perseguidas ou mortas pelos fariseus, difundiram entre homens e mulheres uma nova tão escandalosa de um justiçado pela Lei, como se fosse uma boa-nova (Evangelho)?
- por que Jesus não foi venerado, estudado e seguido apenas como fundador e mestre, mas experienciado como atuando presentemente no espírito?
- por que consideraram o mistério de Deus ligado á Sua história enigmática e cheia de tensão e, com isso, o próprio Jesus se tornou o verdadeiro conteúdo de Sua pregação, o resumo do anúncio do Reino de Deus: Aquele que convidava para a Fé, transformado agora em conteúdo da Fé; o Jesus pregador, transformado agora no Cristo objeto de pregação?
É o que tentarei desenvolver no próximo blog.
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Aroldo Teixeira de Almeida é bacharel em Teologia Dogmática pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Capital paulista
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