As palavras de Cristo, que chegam até nós através dos Evangelhos, devem ser acolhidas e entendidas no rigor de seu significado. Você, que me dá o prazer de ler este meu modesto blog, já reparou na palavra usada por Jesus quando Ele nos manda amar os outros? Ele diz:
- "Amar o próximo".
Pois é justamente aqui que começa o problema.
Até que não é difícil comover-nos ouvindo falar em uma calamidade que atinge um País distante de nós e que deixa desabrigadas, com fome e sem teto, milhares de Famílias. Não é difícil comover-nos e até participar ativamente de campanhas de socorro, de enviar ajuda, mesmo com algum sacrifício.
O difícil, o duro, é amar quem está perto, quem convive diariamente conosco, quem é nosso vizinho, quem trabalha conosco ou pertence à nossa Comunidade de Bairro. O difícil, mesmo, não é amar quem mora distante de nós. É amar o Próximo!
Quando o Próximo para nós realmente se torna Próximo, e nós o vemos e ouvimos, convivemos com ele, fazendo nossos os seus sofrimentos; alegrando-nos, de verdade, com suas alegrias; quando Vizinho não é palavra vazia, quando Vizinho tem nome, tem rosto, tem história, quando toda e qualquer pessoa é Alguém para nós, então nossa Religião está saindo das nuvens, está descendo à terra: está se encarnando!...
Há quem não queira conhecer os vizinhos para não ter trabalho: e, no entanto, não é só uma das mãos que lava a outra, mas como responder ao Pai de todos os pais quando Ele nos perguntar onde está nosso Vizinho, que os Evangelhos dizem ser nosso Irmão?...
Mais grave ainda é a inimizade, a mera convivência pacífica, ou guerra fria, ou mesmo ódio, dentro da própria casa... Aí é que entra a palavra do Senhor Jesus, que nós estamos sempre ouvindo nas celebrações de nossas igrejas, ou quando lemos a Bíblia Sagrada:
- "Vai primeiro reconciliar-te com teu Irmão, e depois vem fazer a Deus a tua oração!"
Será que dentro de casa todos são "Próximos", isto é, vivem perto uns dos outros, perto física e efetivamente? Ou em sua casa, a seu lado, moram Estranhos, Ausentes, Distantes?
É só experimentar rodar a pé em volta da casa em que moramos, para ver que a poucos passos de nós há sofrimentos terríveis, pobreza, misséria, fome, angústia, desespero... - à nossa espera!...
Aí poderá levantar-se a questão:
Será que nossa Religião é viva? Será que nosso Cristianismo é autêntico?
Procuremos, portanto, transformar nosso próximo em Próximo... Vamos aproximar-nos de nossos vizinhos... E que nenhum de nós passe pela vida como sombra vaga, como anônimo. Que cada homem e cada mulher que cruzem o meu caminho sejam, para mim, Alguém, um Irmão, uma Irmã, pois todos nós somos filhos do mesmo Pai de todos os pais!